Folha de S.Paulo

STF deve se dividir ao analisar ação de Palocci

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Placar sobre habeas corpus deve ser apertado

DE BRASÍLIA

A expectativ­a no STF (Supremo Tribunal Federal) é que o plenário tenha um placar apertado no julgamento de soltura de presos preventivo­s da Lava Jato.

Segundo a Folha apurou, a decisão a favor ou contra conceder habeas corpus ao petista Antonio Palocci, por exemplo, deve ser ficar em 6 a 5 ou 7 a 4.

Hoje, a aposta é de que a maioria seja contra a liberdade do ex-ministro.

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, decidiu enviar ao plenário o recurso de Palocci, preso em Curitiba desde setembro, para evitar a votação na Segunda Turma, da qual faz parte e que, nos últimos dias, decidiu pela soltura de presos pelo juiz Sergio Moro, entre eles O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

Integrante da Primeira Turma, os ministros Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e Rosa Weber têm se mostrado rigorosos em questões penais, assim como a presidente da corte, Cármen Lúcia. Sendo assim, seguiriam Fachin contra Palocci.

Os votos de Alexandre de Moraes e Celso de Mello são considerad­os incógnitas.

Mello votou contra os pedidos de habeas corpus em dois dos três casos recentes, um deles o de Dirceu.

Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowsk­i se mostraram a favor da concessão de liberdade provisória e devem manter essa posição em plenário.

Marco Aurélio tem defendido que o réu responda em liberdade até o trânsito em julgado da ação.

O julgamento do habeas corpus de Palocci não tem previsão para ocorrer. O gesto de Fachin de levar o caso ao plenário teve o apoio de Cármen Lúcia, mas foi criticado nos bastidores por outros colegas.

Na semana passada, uma declaração dele causou malestar entre os ministros. Ao ser questionad­o por jornalista­s se os membros da Segunda Turma estavam afrouxando prisões, Fachin respondeu que ficou com vontade de reler “Um inimigo do povo” — peça em que o norueguês Henrik Ibsen critica a elite do país no fim do século 19.

O assunto foi abordado no jantar que Cármen Lúcia ofereceu a Luiz Fux por seu aniversári­o na quinta (27). Ministros considerar­am que declaraçõe­s como essa podem incitar a população contra eles.

Além da ação de Palocci, está na fila um pedido de liberdade do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB).

(LETÍCIA CASADO)

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