‘Putarias’ têm que continuar, afirma ex-secretário de Cabral
Frase consta de e-mail de Sérgio Côrtes a empresário
da companhia Mitsui, também passaram à condição de réus na ação penal.
O consultor Arthur Gomes Teixeira, suspeito de ser o lobista que facilitou o acerto entre os investigados, completa a lista de denunciados.
O dinheiro da propina circulou por cinco países (Alemanha, Inglaterra, Luxemburgo, Suíça e Uruguai), segundo a acusação do Ministério Público Federal
Nas investigações fecharam acordos de delação premiada os ex-diretores da Siemens Everton Rheinheimer e Jan-Malthe Hans Jochen Orthmann. Segundo a Justiça, o caso foi arquivado em relação aos delatores pois eles cumpriram o compromisso de ajudar nas apurações.
Entre os beneficiados pela ocorrência de prescrição estão os ex-presidentes da CPTM Olivier Hossepian Salles de Lima, que era suspeito de ter recebido propina, e Mário Bandeira, que era investigado por supostamente ter violado a Lei de Licitações.
A ação é mais um processo iniciado após a Siemens ter feito uma delação em 2013.
A Folha não conseguiu localizar as defesas dos réus e das empresas a noite de quinta-feira (4).
E-mail interceptado pela polícia indica que o ex-secretário de Saúde do Rio Sérgio Côrtes tentou combinar versões a serem apresentadas à Justiça para atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato, bem como manter a operação do esquema criminoso em curso, segundo o Ministério Público Federal.
“Meu chapa, você pode tentar negociar uma coisa ligada à campanha. Pode salvar seu negócio. Podemos passar pouco tempo na cadeia... Mas nossas putarias têm que continuar”, escreveu Côrtes para o empresário Miguel Iskin, segundo a procuradoria.
Côrtes, Iskin e Sergio Vian- na Junior se tornaram réus nesta quinta (4) sob acusação de obstrução da Justiça. A denúncia afirma que o ex-secretário de Saúde e o empresário agiram, usando Vianna como intermediário, para constranger o ex-subsecretário Cesar Romero a alterar o conteúdo de sua delação premiada, oferendo dinheiro.
Eles estariam tentando combinar entre si versões a serem apresentadas, buscando dificultar as apurações dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro praticados no Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into) e na Secretaria Estadual de Saúde do Rio, de acordo com as apurações.
Os três acusados estão presos em decorrência da deflagração da Operação Fratura Exposta, desdobramento da Lava Jato no Rio, que apura fraudes em licitações e pagamento de propina na aquisição de equipamentos de saúde para a estadual.
A defesa de Côrtes e Vianna Jr. não foram localizadas. A assessoria de Iskin disse que não iria se pronunciar.
Já na Justiça Federal, o exassessor da Secretaria de Obras do Rio Wagner Jordão Garcia confessou que recolheu propina a pedido de Hudson Braga, ex-secretário.
Em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, ele chorou, pediu “perdão ao povo do Rio” e solicitou prisão domiciliar. “Acordo todo dia com quatro baratas. Quero pedir perdão ao povo do Rio. Sei que eu errei”, disse, aos prantos.