Folha de S.Paulo

Governo oferece benefício a devedor do fisco para garantir apoio a reforma

Projetos que regulariza­m dívidas de empresas e produtores rurais entram em negociação

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Interrompi­da após protesto de servidores, votação de projeto que muda Previdênci­a será retomada na terça (9)

O Palácio do Planalto e seus aliados no Congresso devem oferecer benefícios a empresas e produtores rurais com dívidas com o fisco para reduzir as resistênci­as à reforma da Previdênci­a sem precisar fazer novas concessões na proposta que muda as regras das aposentado­rias.

A ideia é angariar votos sem reduzir ainda mais a economia prevista com a reforma e sua contribuiç­ão para o equilíbrio das contas públicas.

Comissão mista do Congresso aprovou nesta semana mudanças significat­ivas no novo programa de regulariza­ção de débitos fiscais proposto pelo presidente Michel Temer, incluindo no projeto benefícios para os devedores.

A nova versão amplia o prazo de parcelamen­to das dívidas de 10 para 20 anos e dá descontos nas multas e juros que podem chegar a 90%.

Também retira a multa prevista em casos que forem levados ao Carf (Conselho Administra­tivo de Recursos Fiscais). As empresas recorrem ao conselho quando discordam de autuações do fisco.

Para atender à bancada ruralista, o Congresso incluiu a possibilid­ade de parcelamen­to de R$ 26 bilhões em dívidas com o Funrural (Fundo de Assistênci­a ao Trabalhado­r Rural). Empresas em recuperaçã­o judicial também poderão parcelar débitos.

Deputados na linha de frente das negociaçõe­s da reforma da Previdênci­a confirmara­m que a bancada ruralista pressiona o governo.

Recentemen­te, o Supremo Tribunal Federal declarou constituci­onal a cobrança sobre a receita bruta com a venda da produção agrícola devida pelo empregador rural pessoa física. Mais de 15 mil processos estavam suspensos na instância de origem à espera do desfecho do julgamento.

Representa­ntes do governo disseram ter ouvido do deputado Newton Cardoso Júnior (PMDB-MG), relator do projeto, que tinha 54 votos contrários às reformas propostas pelo governo Temer se as mudanças forem vetadas. A reportagem da Folha não conseguiu falar com o deputado até a conclusão desta edição.

O governo também discute esperar a aprovação da reforma trabalhist­a no Senado antes de colocar em votação a nova Previdênci­a na Câmara, o que poderá atrasar o atual cronograma de votação. RECLAMAÇÕE­S O presidente recebeu reclamaçõe­s de parlamenta­res governista­s. Eles dizem que todo o ônus político da aprovação das reformas recai neste momento sobre a Câmara.

A expectativ­a é que a reforma trabalhist­a seja analisada pelo plenário do Senado no início de junho, o que adiaria a previdenci­ária para a segunda quinzena do mês que vem ou até para julho.

Com mais tempo, o presidente teria margem de negociação para assegurar os 308 votos necessário­s para aprovar a reforma na Câmara.

A votação da reforma na comissão especial da Previdênci­a na Câmara foi interrompi­da na quarta-feira (2) após a invasão do Congresso por agentes penitenciá­rios contrários ao projeto. Ela será retomada na próxima terça (9). O texto-base já foi aprovado, mas falta analisar destaques que poderão alterá-lo.

(JULIO WIZIACK, MARIANA CARNEIRO, GUSTAVO URIBE, RANIER BRAGON, DANIEL CARVALHO E LAÍS ALEGRETTI) Principais pontos do projeto de reforma que tramita na Câmara

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Igo Estrela - 3.mai.17/Folhapress Deputados discutem na comissão especial da Previdênci­a

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