Invasão do Congresso por manifestantes deixa deputados encurralados em sala
O presidente da comissão da reforma da Previdência, Carlos Marun (PMDB-MS), e o relator da proposta, Arthur Maia (PPS-BA), ficaram encurralados numa sala da Câmara dos Deputados enquanto os agentes penitenciários que invadiram o Congresso na noite de quarta (3) circulavam pelo prédio à sua procura.
O líder do governo, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e a reportagem da Folha também ficaram trancados no local. Os agentes penitenciários se mobilizaram durante o dia inteiro para pressionar os deputados a excluí-los das mudanças previstas pela reforma, mas não tiveram êxito.
Marun chegou a cogitar deixar o refúgio e voltar à comissão para negociar com os agentes penitenciários, mas desistiu após concluir que a discussão seria improdutiva.
A maior agitação ocorreu quando, do lado de fora, alguém deu fortes batidas na porta. Um assessor chegou a perguntar quem era, mas ninguém respondeu e as batidas pararam, para alívio de todos.
Os deputados precisaram fugir do plenário onde ocorria a reunião da comissão porque os agentes penitenciários invadiram a Câmara, perto das 23h, após a comissão ter adiado uma votação que poderia beneficiá-los.
Na sala em que os deputados buscaram refúgio —na verdade, um espaço improvisado por assessores—, a sensação de confinamento cresceu quando o gás lacrimogêneo usado para dispersar os manifestantes se espalhou.
Foi quando Arthur Maia ligou para a Polícia Federal para pedir reforços. A ajuda, contudo, não foi necessária.
Na sala, que fica no andar de cima do corredor das comissões, um funcionário encontrou uma porta que levou os deputados até o térreo do prédio e à saída pelo anexo 3.
No caminho, era possível ver uma nuvem de gás no corredor das comissões, dificultando a passagem de autoridades e agentes. Os deputados conseguiram deixar o prédio antes de os manifestantes saírem pelo mesmo local.
Apesar do improviso na segurança, os agentes não viram o relator e o presidente da comissão. Maia entrou no carro dirigido por seu motorista e deixou o Congresso.
Numa rua na lateral, Marun encontrou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), crítica ferrenha da reforma da Previdência e do governo Michel Temer. Perguntou a ela como estava a situação e, segundos depois, entrava no carro da deputada da oposição para pegar uma carona.