Folha de S.Paulo

Houve também influência do exterior na alta da moeda americana. Das 24 principais moedas emergentes, apenas

- DANIELLE BRANT

DE SÃO PAULO

O texto da reforma da Previdênci­a passou na comissão especial da Câmara dos Deputados, mas a aprovação não trouxe alívio ao mercado financeiro. Pelo contrário.

Na avaliação de investidor­es, o texto foi aprovado com margem apertada, o que pode obrigar o governo a fazer mais concessões no plenário. Esse raciocínio colaborou para que o dólar fechasse a R$ 3,18, no maior nível em quase dois meses, e para que a Bolsa brasileira recuasse quase 2% nesta quinta-feira (4).

O texto foi aprovado por 23 votos a favor e 14 contra, em linha com a expectativ­a do governo, que contava com pelo menos 22 votos. Mas a diferença entre o sim e o não foi considerad­a estreita por analistas do mercado e encarada como indício de que o governo pode enfrentar dificuldad­es no plenário da Câmara.

A aprovação se deu com 62% dos votos. No plenário da Câmara, onde a batalha será mais difícil, o governo precisará de 308 dos 513 deputados —60% do total.

“Os investidor­es acharam que seria mais fácil aprovar o texto na comissão, que o governo teria que fazer menos negociação com a oposição para aprovar no plenário”, diz Alexandre Wolwacz, sócio-fundador do grupo L&S, que atua na área financeira.

A discussão agora, complement­a, gira em torno de preservar a proposta sem que ela seja desconfigu­rada a ponto de minar a economia com a qual o governo espera contar para acertar suas contas.

“Todos acreditam que a reforma vai acabar passando, mas não se sabe que cara vai ter e isso preocupa”, disse à Reuters o analista Aldo Moniz, da Um Investimen­tos.

A preocupaçã­o tomou forma na valorizaçã­o da moeda americana. O dólar comercial subiu 0,79%, para R$ 3,184. Foi o maior nível desde 9 de março. O dólar à vista, cujas negociaçõe­s se encerram mais cedo, teve alta de 1,22%, para R$ 3,189. COMMODITES EM QUEDA 8 subiram ante o dólar, pela leitura de que o banco central dos EUA elevará os juros em junho. A probabilid­ade de uma alta é de 93,8%, segundo a Bloomberg.

O pessimismo se refletiu na Bolsa brasileira, com a queda de 1,86% do principal índice do mercado acionário local, para 64.862 pontos.

Com grande peso de ações de empresas ligadas a commoditie­s, a Bolsa também sentiu o impacto da queda dos preços de minério de ferro (-5%) e petróleo (-4%).

As ações da Vale e da Petrobras foram punidas com fortes desvaloriz­ações. Os papéis mais negociados da mineradora recuaram 3,82%, para R$ 24,44, e as ações que dão direito a voto caíram 3,69%, para R$ 25,35.

Já as ações mais negociadas da Petrobras tiveram queda de 3,95%, para R$ 13,60. As com direito a voto caíram 2,70%, para R$ 14,06.

No caso do petróleo, a queda se deu em meio à percepção de que a Opep (Organizaçã­o dos Países Exportador­es de Petróleo) e outros produtores não devem adotar medidas adicionais para diminuir o excesso de oferta.

O barril do Brent fechou no menor nível desde novembro, assim como o WTI.

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Walterson Rosa - 28.abr.17/Fotoarena/Folhapress Manifestan­te com bandeira de sindicato protesta no DF na sexta (28), dia da greve geral

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