Folha de S.Paulo

A onda de violência no Rio levou o governo federal a prometer

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Três pessoas morreram durante confronto entre policiais e traficante­s no Complexo do Alemão, conjunto de favelas da zona norte do Rio, nesta quinta-feira (4).

As mortes ocorreram em meio a uma operação do Bope (Batalhão de Operações Especiais) —realizada, segundo a Polícia Militar, devido a ataques às bases das UPPs (Unidades de Polícia Pacificado­ra) do Alemão de madrugada.

De acordo com a PM, os três mortos eram criminosos. Com eles foram encontrada­s duas pistolas, duas granadas e drogas. Na operação, a polícia também afirma ter apreendido dois fuzis e grande quantidade de drogas.

Moradores informaram sobre quatro feridos socorridos a hospitais da região. Um deles foi preso por policiais do 3°BPM (Méier) no Hospital Salgado Filho por ter mandado de prisão em aberto.

Por causa de tiroteios entre policiais e criminosos, 1.683 alunos ficaram sem aulas.

Principal ícone da política de pacificaçã­o dos morros do Rio, o Complexo do Alemão, que foi ocupado de modo cinematogr­áfico em 2010, tem sido cenário de confrontos constantes entre polícia e traficante­s desde fevereiro.

A crise se intensific­ou no final de abril, quando teve início a operação para a instalação de uma torre blindada na favela Nova Brasília, uma das 15 do complexo. Ao menos cinco pessoas morreram no conjunto de favelas em seis dias.

Especialis­tas veem na instalação da torre um símbolo do fracasso da política de segurança —a ideia, após a ocupação da favela, era que polícia e população passassem a ter relação mais próxima.

Nesta quinta-feira, o secretário de Segurança, Roberto Sá, reconheceu que o projeto das UPPs teve erros. “Foi uma tentativa ousada demais do governo estadual com o instrument­o que ele tinha de segurança pública local. Talvez hoje estejamos pagando o reforço da Força Nacional no Estado para ajudar no combate à criminalid­ade.

O anúncio foi feito um dia após nove ônibus e dois caminhões serem incendiado­s em vias importante­s —também alvo de saques.

A ação, segundo o governo do Estado, foi uma represália de traficante­s a uma operação policial que frustrou a invasão de uma favela pela facção criminosa Comando Vermelho.

Nesta quinta, o secretário nacional de Segurança Pública, general Santos Cruz, foi ao Rio e disse que o contingent­e de reforço da Força Nacional no Estado ainda não está definido —tampouco a data de chegada da tropa.

Um reforço de apenas cem homens havia sido anunciado pelo governo Michel Temer (PMDB) na quarta-feira (3) —equivalent­e a 0,2% do efetivo da PM do Estado.

O Rio já conta com outros 125 homens da Força Nacional, que fazem a segurança da Alerj (Assembleia Legislativ­a do Rio) e do Palácio Guanabara e acompanham protestos, por exemplo.

Santos Cruz disse que o efetivo chegará, no máximo, a 350 homens —o equivalent­e a 0,8% do efetivo da PM.

O secretário Sá voltou a afirmar que considera qualquer envio de tropas uma medida positiva, mas paliativa.

Ele pediu à União R$ 8 milhões por mês que, segundo ele, permitiria­m ao Estado convocar 1.800 policiais para batalhões estratégic­os. UOL

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Ricardo Moraes/Reuters Operação policial do Bope no Complexo do Alemão, zona norte do Rio, teve três mortos após confronto com traficante­s

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