Folha de S.Paulo

Fotos e vídeos de execuções e glorifican­do dogmas e ataques do grupo.

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A Justiça Federal do Paraná condenou nesta quinta-feira (4) oito brasileiro­s réus da Operação Hashtag. A denúncia foi a primeira oferecida no país com base na Lei Antiterror­ismo, promulgada no ano passado. Cabe recurso.

A operação foi desencadea­da há pouco mais de nove meses, às vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Dos 13 suspeitos que foram presos pela PF (Polícia Federal) em julho do ano passado, a Justiça aceitou denúncia contra oito, acusados principalm­ente de promoção de organizaçã­o terrorista e de associação criminosa —o primeiro crime está previsto na Lei Antiterror­ismo.

A ação da PF ocorreu nos Estados do Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.

Segundo o inquérito da Polícia Federal, os réus utilizavam redes sociais e aplicativo­s de celular para fazer apologia ao Estado Islâmico e planejavam atentados no Brasil durante a Olimpíada.

“As teses de que as postagens e diálogos dos acusados de conteúdo extremista não passavam de expressão de curiosidad­e religiosa, meras bravatas ou brincadeir­as não podem ser aceitas como justificat­ivas aptas a excluir a tipicidade, antijuridi­cidade ou culpabilid­ade das ações”, diz trecho da decisão do juiz Marcos Josegrei da Silva.

A ação é do MPF (Ministério Público Federal).

Segundo a acusação, entre 17 de março e 21 de julho de 2016 todos os acusados “se dedicaram a promover a organizaçã­o terrorista denominada Estado Islâmico do Iraque e do Levante”.

Dos oito condenados, a maior pena foi recebida por Leonid El Kadre de Melo, 33, condenado a 15 anos, 10 meses e 5 dias de prisão, em regime fechado. Segundo a decisão, ele era responsáve­l pelo recrutamen­to para organizaçã­o terrorista.

Ele, cuja defesa já afirmou que vai recorrer, está em greve de fome há 36 dias.

Também foram condenados Alisson Luan de Oliveira, 19 (6 anos e 11 meses), Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo, 27 (6 anos e 3 meses), Levi Ribeiro Fernandes de Jesus, 21 (6 anos e 3 meses), Israel Pedra Mesquita, 27 (6 anos e 3 meses), Hortencio Yoshitake, 30 (6 anos e 3 meses), Luis Gustavo de Oliveira, 27 (6 anos e 3 meses) e Fernando Pinheiro Cabral, 23 (5 anos e 6 meses).

Yoshitake, Mesquita, Jesus e Azevedo, que ficaram presos até dezembro e aguardavam a sentença fora do sistema prisional, poderão recorrer em liberdade. Os outros quatro seguirão presos.

Até hoje não foi apurada a ligação dos réus com grupos extremista­s. Tampouco havia um plano concreto para uma ação terrorista no Brasil, mas a maioria deles fazia apologia do Estado Islâmico, publicando OUTRO LADO Mãe de Melo, a advogada Zaine El Kadri, que faz a defesa dele, disse que já está preparando recurso contra a condenação e que o filho ainda não sabe da decisão judicial.

“Sabia que ia ocorrer isso. Vamos recorrer, mesmo que ele não possa recorrer em liberdade. Ele não sabe ainda, está em greve de fome há 36 dias e disse que continuará até a liberdade. Ele não cometeu nenhum crime”, disse.

Ela afirmou que só terá acesso ao filho na tarde desta sexta-feira (5). “Não sei se falarei para ele. Ele está em greve de fome para que possa ser ouvido.”

Já a defensora pública Rita Cristina de Oliveira, que defende os outros sete condenados, afirmou nesta quinta não ter tido acesso à decisão da Justiça, mas que recorrerá.

“Com certeza vamos recorrer”, disse. Segundo ela, entre os condenados há jovens com pouca vida social, que se deixaram atrair pelo fetiche de organizaçõ­es extremista­s, mas não oferecem risco à sociedade.

Um dos argumentos da Defensoria é de que houve abusos no processo —depoimento­s iniciais sem a presença de um defensor e encaminham­ento direto para o sistema prisional federal.

Vila Bela da Santíssima Trindade (MT)

promoção de organizaçã­o terrorista, recrutamen­to para organizaçã­o terrorista, associação criminosa, corrupção de menores

nega ser autor das postagens e ter recrutado militantes; aponta abusos no processo São José dos Campos (SP)

promoção de organizaçã­o terrorista, associação criminosa, corrupção de moenores

diz que post com receita de bomba era brincadeir­a; aponta abusos no processo

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Marlene Bergamo - 14.abr.2017/Folhapress Zaine El Kadri, mãe e advogada de Leonid El Kadre de Melo, 33, deixa o presídio de segurança máxima onde está o filho

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