Animação sobre cão roqueiro tem pouca música e muita explicação
perdem força cínica.
Outro problema é a duração, seu desdém pela concisão do cômico. Cedar não se contenta com a ironia. A necessidade de angariar mais simpatia do público inclui uma nota de melancolia, que, se não chega a ser dissonante, deixa os 30 minutos finais tão esticados como último capítulo de novela.
FOLHA
Um herói improvável assume as cordas de “Rock Dog – No Faro do Sucesso”. Com seu gorro verde enterrado na cabeça e uma guitarra de brinquedo nas costas, o avoado Bodi é o protagonista dessa nova animação, inspirada numa novela gráfica chinesa.
Sem a menor vocação nas artes da guerra, o cachorro tibetano passa a ser treinado pelo pai para liderar o exército do vilarejo de ovelhas, sempre ameaçado por lobos famintos. Mas o jovem cão só quer saber de música.
Embora sobre ingenuidade e falte tempero, o personagem tem carisma e deve cativar, principalmente, crianças de até sete anos. O grande problema é que Bodi enrola muito para mostrar a que veio. Ao povo da aldeia e aos espectadores sentados na poltrona.
O roteiro sem ritmo e superficial perde tempo demais no lugar errado e explora pouco as subtramas apresentadas.
A narração inicial não acrescenta, assim como as outras aparições do carneiro idoso, cujo papel é ser mentor do herói e explicar ao público o que não precisa de explicação.
A história demora a pegar no tranco. Quando Bodi finalmente deixa o marasmo da Montanha Nevada rumo à cidade em busca do sonho musical, o cronômetro do filme já correu bastante. A parte mais interessante da narrativa acaba contada às pressas.
Situações promissoras para o desenrolar da trama não se desenvolvem, como o encontro do tibetano com o astro Angus Scattergood –um gato em crise de inspiração, mas cheio de estrelismo.
A trilha sonora, supostamente o ponto alto de uma animação intitulada “Rock Dog”, tem seus momentos de êxito, porém, economiza no rock ‘n’ roll. Ao final, a sensação que resta é a que ficou faltando música ao filme dirigido por Ash Brannon.
Diante de chances tão escassas para se exibir com a guitarra nas mãos, o cachorro Bodi se torna um talento desperdiçado. Desses que nem latem, nem mordem.