Folha de S.Paulo

Animação sobre cão roqueiro tem pouca música e muita explicação

- MARINA GALEANO

perdem força cínica.

Outro problema é a duração, seu desdém pela concisão do cômico. Cedar não se contenta com a ironia. A necessidad­e de angariar mais simpatia do público inclui uma nota de melancolia, que, se não chega a ser dissonante, deixa os 30 minutos finais tão esticados como último capítulo de novela.

FOLHA

Um herói improvável assume as cordas de “Rock Dog – No Faro do Sucesso”. Com seu gorro verde enterrado na cabeça e uma guitarra de brinquedo nas costas, o avoado Bodi é o protagonis­ta dessa nova animação, inspirada numa novela gráfica chinesa.

Sem a menor vocação nas artes da guerra, o cachorro tibetano passa a ser treinado pelo pai para liderar o exército do vilarejo de ovelhas, sempre ameaçado por lobos famintos. Mas o jovem cão só quer saber de música.

Embora sobre ingenuidad­e e falte tempero, o personagem tem carisma e deve cativar, principalm­ente, crianças de até sete anos. O grande problema é que Bodi enrola muito para mostrar a que veio. Ao povo da aldeia e aos espectador­es sentados na poltrona.

O roteiro sem ritmo e superficia­l perde tempo demais no lugar errado e explora pouco as subtramas apresentad­as.

A narração inicial não acrescenta, assim como as outras aparições do carneiro idoso, cujo papel é ser mentor do herói e explicar ao público o que não precisa de explicação.

A história demora a pegar no tranco. Quando Bodi finalmente deixa o marasmo da Montanha Nevada rumo à cidade em busca do sonho musical, o cronômetro do filme já correu bastante. A parte mais interessan­te da narrativa acaba contada às pressas.

Situações promissora­s para o desenrolar da trama não se desenvolve­m, como o encontro do tibetano com o astro Angus Scattergoo­d –um gato em crise de inspiração, mas cheio de estrelismo.

A trilha sonora, supostamen­te o ponto alto de uma animação intitulada “Rock Dog”, tem seus momentos de êxito, porém, economiza no rock ‘n’ roll. Ao final, a sensação que resta é a que ficou faltando música ao filme dirigido por Ash Brannon.

Diante de chances tão escassas para se exibir com a guitarra nas mãos, o cachorro Bodi se torna um talento desperdiça­do. Desses que nem latem, nem mordem.

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