Ex-aliado de Pezão atuou para emplacar negócio com governo
Hudson Braga intermediou aluguel de edifícios que concentrariam órgãos públicos; crise barrou o acerto
Pezão havia avalizado o negócio; governo diz que não sabia de atuação de ex-secretário no empreendimento
O ex-secretário de Obras do Rio Hudson Braga, preso na Operação Lava Jato, intermediou, após sair do governo, o aluguel de dois edifícios que abrigariam o novo Centro Administrativo do Estado.
O negócio chegou a ser avalizado pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), mas não foi concretizado em razão do agravamento da crise financeira do Estado.
A informação consta de relatório da Polícia Federal que analisa e-mails e documentos do ex-secretário. Acusado de cobrar a chamada “taxa de oxigênio” —1% sobre os contratos de obras—, Braga foi braço-direito de Pezão durante a gestão Sérgio Cabral (PMDB) e coordenou sua campanha em 2014.
A consultoria de Braga foi contratada pela Confidere (empresa que projeta edifícios sob medida para futuro locatário) em maio de 2015 para identificar potenciais clientes para o desenvolvimento de empreendimento na Cidade Nova, próximo ao Sambódromo. Em dezembro de 2015, as empresas desenvolveram o conceito do centro administrativo do governo.
Ele interligaria o novo prédio a ser construído sob medida com outro já existente, atrás do Sambódromo.
Braga informou aos parceiros no mesmo mês, segundo a PF, que a proposta foi levada “ao conhecimento do governador, que confirmou interesse”. A partir daí, indicam os documentos, a gestão do projeto junto ao governo seria conduzida pela Confidere.
A intenção de criar o centro administrativo foi anunciada por Pezão em entrevista ao jornal “O Globo” em janeiro de 2016. A gestão do peemedebista estimava uma economia de R$ 600 milhões por ano, com racionalização de custos de segurança e outros serviços num mesmo local.
Em março de 2016, o governador enviou ofício à empresa confirmando o interesse. Informou que “pretende apresentar proposta de contrato de locação”. “Infere-se, de acordo com as circunstâncias, que, tal fato [contrato entre Braga e Confidere], sem sombra de dúvidas, deve ter contribuído para assinatura da carta de intenção”, diz a PF no relatório.
Braga receberia uma comissão de 4,5% a 8% do total do aluguel pago, segundo documentos encontrados.
O contrato acabou não sendo assinado em razão do agravamento da crise. OUTRO LADO