Líder rural é morta a tiros em sua casa no PA
Kátia Martins presidia a Associação de Agricultores Familiares de um acampamento a 130 km de Belém havia 5 anos
Segundo Secretaria da Segurança, crime foi praticado por dois homens encapuzados que deram de 5 a 6 tiros
A líder rural Kátia Martins, 43, foi morta a tiros na noite desta quinta-feira (4) em sua casa no acampamento 1º de Janeiro, na divisa entre os municípios de Castanhal e São Domingos do Capim, a 130 km de Belém, no Pará.
Martins era presidente da Associação de Agricultores Familiares do acampamento havia cinco anos.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Pará, o crime ocorreu dentro da casa da vítima, que morava com o neto, quando dois homens encapuzados chegaram de moto e dispararam entre cinco a seis tiros. O caso está sendo apurado em sigilo e ainda não há suspeitos identificados.
A secretaria não corroborou a hipótese de se tratar de um conflito por terra, apesar de esta ser a principal suspeita de alguns representantes rurais que se manifestaram sobre o ocorrido.
Em uma entrevista na tarde desta sexta (5), o assessor regional da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) Elilson Silva afirmou que Martins voltava de uma reunião para arrecadar verbas para projetos do acampamento por meio do Banco da Amazônia.
O terreno estaria sob a jurisdição do Instituto de Terras do Pará, para o qual as terras “seriam improdutivas”, afirmou Silva.
Daniel Lopes, presidente do Iterpa, disse não poder confirmar a informação.
“Se existe um conflito fundiário, mesmo que a terra fosse do Iterpa, por ser área de conflito é problema de reforma agrária, portanto do governo federal e do Incra”, disse Lopes.
“Ela achava que estava marcada para morrer”, afirmou Vera Paoloni, diretora da Central Única dos Trabalhadores do Pará.
Segundo Paoloni, Martins chegou a dizer, durante uma reunião no Sindicato dos Trabalhadores de Castanhal na sexta (1º), que estava recebendo ligações suspeitas.
Tanto Silva quanto Paoloni afirmam que os crimes em regiões de conflito por terra estão aumentando. Segundo o assessor, cerca de 2.500 assassinatos no campo foram cometidos desde 1964 até 2016 —somente nesta semana teriam sido seis, um deles o de Martins. TORTURA também suposto caso de tortura e assassinato a tiros na fazenda Serra Norte, no município de Eldorado do Carajás, a 639 km de Belém.
A Delegacia de Conflitos Agrários identificou a vítima como sendo o trabalhador rural Edvaldo Soares Costa.
O corpo foi removido para Marabá após ter sido encontrado em uma área do terreno conhecida como Pedra Furada.
O relato da polícia diz que Costa apresentava olhos perfurados, mãos amarradas e cortadas.