Câmara de SP vai exigir RG na portaria
Medida polêmica começa a valer na próxima quinta, em caráter experimental, após relatos de furtos e invasões
Presidente diz que a intenção é registrar acesso, e não barrar; 4.000 pessoas circulam no local diariamente
A partir da próxima quinta-feira (11), quem quiser entrar no Palácio Anchieta, sede da Câmara Municipal de São Paulo, terá que apresentar um documento com foto.
A medida ocorre após casos de furtos no Legislativo paulistano e acusações de invasões em gabinetes durante reuniões da Casa —casos relatados por Juliana Cardoso (PT) e pelo seu opositor Fernando Holiday (DEM).
Segundo a presidência da Casa, haverá um teste por um período de 30 dias. A intenção, diz a cúpula da Câmara, é apenas garantir alguma identificação das pessoas que visitam o espaço —cerca de 4.000 circulam por dia, entre funcionários e visitantes.
“Nesse período de experiência, se uma pessoa quiser entrar e disser que não possui documentos, será orientado pela assessoria da Casa sobre como obtê-los. E a entrada será liberada em seguida”, disse o presidente da Câmara, Milton Leite (DEM).
Completado o mês, porém, quem não tiver o o RG no bolso poderá ser barrado. Após apresentar o documento, o visitante receberá um adesivo de identificação que deverá ser colado na roupa.
“A intenção é saber quem está entrando, não é impedir que as pessoas entrem. Não queremos transformar aqui no Pentágono, longe disso”, disse o secretário-geral interino da Casa, Paulo Baccarin.
A Câmara estuda ainda fazer identificação fotográfica das pessoas que entram ali futuramente. Não há previsão para isso, porém.
Segundo Baccarin, a necessidade de identificação de visitantes é discutida desde 2015, mas nunca havia avançado por causa da resistência de alguns vereadores, que temiam seletividade no acesso.
O secretário defende que a prática já é corriqueira em outros prédios públicos da cidade e na Câmara Federal, onde é necessário não só a identificação como todos são submetidos a detector de metal.
Funcionárias da recepção que hoje basicamente dão informações aos visitantes estão recebendo treinamento para colher os dados das pessoas e abastecer um cadastro eletrônico. Assim, a Casa passa a ter um banco de dados sobre quem acessa o edifício.
A vereadora Sâmia Bomfim (PSOL), que integra a oposição ao prefeito João Doria, (PSDB), aliado de Leite, diz que a medida pode ser boa. “Se for apenas para o registro, deve ser positivo até para termos noções quantitativas de quem frequenta a Casa ou quer conhecê-la”, disse.
Ela teme, no entanto, eventual risco de discriminação. “Minha única preocupação é que movimentos sociais sejam barrados, assim como a população de rua que também frequenta aqui”, disse.
A Mesa Diretora diz que isso não vai ocorrer. CHINELO Em 2013, o então presidente da Casa, José Américo (PT), criou uma regra que impedia a entrada de pessoas trajando bermuda e calçando chinelos. A decisão foi bastante criticada e Américo acabou revogando a resolução.