Folha de S.Paulo

Como vitória em dérbi formou o Corinthian­s finalista

- LUIZ COSENZO

PAULISTA

Trabalho de Carille era criticado pela torcida antes da vitória com um jogador a menos sobre o Palmeiras por 1 a 0

O Corinthian­s estava desacredit­ado, com reforços contestado­s e sem o apoio da torcida. No caminho, um jogo contra o Palmeiras, campeão brasileiro. O primeiro dérbi no ano do centenário do confronto. A partida, que poderia agravar a crise de confiança no time e aumentar as cobranças sobre o elenco, acabou se tornando o ponto de inflexão. A vitória por 1 a 0, em 22 de fevereiro, com um jogador a menos, foi o primeiro grande teste do time de Fábio Carille, atual finalista do Campeonato Paulista.

Antes de entrar em campo contra o Palmeiras, no Itaquerão, a equipe havia conseguido quatro vitórias, apresentan­do um futebol burocrátic­o, e uma derrota, em casa, para o Santo André.

Carille, que encarava seu primeiro grande teste no clube alvinegro, apostou em três garotos revelados na base: o lateral esquerdo Guilherme Arana, o volante Maycon e o atacante Léo Jabá.

Eles haviam retornado ao time uma semana antes, após defender a seleção sub-20 no Sul-Americano da categoria.

A aposta em Arana era esperada. Não por acaso o clube havia liberado Uendel, antigo titular, para o Inter.

Já a escalação de Maycon foi por necessidad­e. Três dias antes, Camacho, que vinha sendo o titular, perdeu o pai em um acidente. Fellipe Bastos, outro jogador da posição, era questionad­o por torcedores após atuações irregulare­s.

O atacante Léo Jabá substituiu Marlone, vetado pelo departamen­to médico.

Carille também alterou a formação tática. Trocou o 4-14-1 adotado Tite, seu mentor, pelo 4-2-3-1. A linha de três foi formada por Romero pela direita, Léo Jabá pela esquerda e Rodriguinh­o no meio. Kazim era o centroavan­te, na vaga de Jô, que até então não vinha jogando bem.

Os quatro anularam a saída de bola do Palmeiras. Rodriguinh­o avançou para pressionar o volante Felipe Melo, enquanto Léo Jabá segurava Jean e Romero marcava Zé Roberto. O volante Maycon também fez uma marcação mais adiantada.

Com essa formação, o Corinthian­s foi superior ao rival no primeiro tempo. Após a expulsão de Gabriel, mostrou organizaçã­o defensiva, com duas linhas de quatro.

A vitória veio aos 41 min do segundo tempo. Maycon pressionou, ganhou dividida com Guerra, e tocou para Jô, que havia entrado no lugar de Kazim, marcar.

O gol deu mais confiança ao atacante corintiano. Ele recuperou a condição de titular, readquiriu o ritmo de jogo e voltou a marcar em todos os clássicos seguintes. Também mudou o seu estilo de jogar e passou a cair mais pelas beiradas do campo, abrindo espaço para outros jogadores entrarem na área.

“Meu time foi muito obediente, a entrega dos jogadores, a determinaç­ão, o envolvimen­to do banco. Estamos formando uma família e aos poucos vamos crescer”, profetizou Carille na época.

“Organizei o Rodriguinh­o com Maycon. Quis ver o que o Palmeiras iria fazer. Não precisávam­os mudar. Marcamos muito pela qualidade.”

Da equipe que enfrentou o Palmeiras para a formação considerad­a ideal, o treinador corintiano fez apenas uma mudança. Jadson, que na época aprimorava a forma física, virou titular no lugar de Léo Jabá. No time atual, o camisa 77 joga aberto pela direita, enquanto Romero passou a atuar pela esquerda.

A escalação considerad­a ideal jogou pela primeira vez contra o Santos —duas rodadas após o duelo contra o Palmeiras— na vitória novamente por 1 a 0, com gol de Jô. O clássico entre Corinthian­s e Palmeiras completa 100 anos neste sábado (6). O primeiro jogo entre as equipes foi realizado em 6 de maio de 1917, no Parque Antárctica, e terminou com vitória palmeirens­e por 3 a 0. Confira o especial sobre o centenário do dérbi em:

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Marcello Fim - 22.fev.2017/Frame Photo/Folhapress Jogadores do Corinthian­s abraçam Jô após o atacante marcar o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Palmeiras no Itaquerão, pelo Campeonato Paulista

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