Trump, Israel e Palestina
Visto por muitos como potencial fator de instabilidade nas relações internacionais, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou-se na última quartafeira (3) como candidato a mediador ou facilitador de um acordo de paz entre israelenses e palestinos.
Trump lançou a ideia na presença de Mahmoud Abbas, líder da Autoridade Nacional Palestina, que visitava Washington.
Abbas criticou a ocupação de territórios por Israel e disse que, sob a liderança “corajosa e sábia” do presidente dos EUA, seria possível chegar a uma solução duradoura. Para isso, as partes teriam que concordar com a proposta de dois Estados independentes.
Dias antes do encontro, o grupo radical palestino Hamas já havia adotado tom mais moderado ao defender proposta semelhante, com um Estado palestino nos limites de 1967 —antes da Guerra dos Seis Dias, quando Israel conquistou a faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
É impossível não ver com ceticismo essa ou qualquer outra tentativa de processo de paz entre israelenses e palestinos. Nenhum esforço até aqui conseguiu conter os conflitos, que se arrastam há décadas e realimentam ódios e ressentimentos dos dois lados.
Um acordo parece ainda menos provávelaoserpatrocinadoporum presidente que acirrou os ânimos palestinos ao cogitar a mudança da sede da embaixada norte-americana de Tel Aviv para Jerusalém.
Trump,porém,podetermaissucesso do que se imagina. De uma atitude no início isolacionista, que tratava o mundo como ameaça a seu país, o mandatário vai migrando para um entendimento menos primário do cenário externo.
O republicano anunciou, logo após o encontro com Abbas, sua primeira viagem ao exterior. O roteiro é sugestivo: vai visitar Israel, Arábia Saudita e Vaticano, centros das três grandes religiões monoteístas —o judaísmo, o islamismo e o cristianismo, respectivamente.
Os sinais conciliatórios, alentadores para a comunidade internacional, dão a entender que Trump começa a adequar seu discurso às exigências do exercício da liderança mundial. É preciso tempo, contudo, para saber qual será o retrato dapolíticaexternaquesedesenha.