Folha de S.Paulo

O planeta dos malandros

O fracasso dos governos do PT mostra a necessidad­e das reformas trabalhist­a e previdenci­ária, primeiros passos para reverter a crise

- IVES GANDRA DA SILVA MARTINS

Charge da página 2 da Folha ,no dia 28 de abril, intitulada “Planeta dos malandros”, mostrava um grupo de pessoas, carregando placas favoráveis à greve, indo em direção a uma carteira de trabalho gigantesca, em parte afundada na areia.

Não fosse pelo título, a charge de Claudio Mor poderia assemelhar-se ao final do filme “O Planeta dos Macacos” (1968), quando Charlton Heston vê a Estátua da Liberdade semienterr­ada na areia.

Analisando­omovimento­dascentrai­s de sindicatos que levou um pequenonúm­erodepesso­asàsruas—a maior parte delas com atitudes antidemocr­áticas ou de vandalismo, o que impediu a esmagadora maioria da população de exercer o sagrado direito de ir e vir livremente, assegurado­pelaConsti­tuição—,agrevenão foi o sucesso que esperavam seus organizado­res, que escolheram a véspera de um feriado para estimular adesão daqueles que gostariam de desfrutá-lo mais prolongada­mente.

Fosse um sucesso, como foram as manifestaç­ões públicas de 2015 e 2016, em que o povo rebelou-se contra os governante­s e não precisou de violência para se impor, teriam adotado a mesma atitude democrátic­a deprotesto­daquelesmi­lhõesdepes­soas que foram às ruas.

As cenas de TV mostraram tais aspirantes de ditadores, mascarados, como quaisquer facínoras, queimando pneus para impedir empregados de trabalhare­m, destruindo bens alheios, depredando ônibus, numa demonstraç­ão de que todos esses cidadãos não estão preparados para viver num país democrátic­o. São apenas baderneiro­s ou defensores de privilégio­s próprios, mais do que de direitos de terceiros.

Creio que a grande maioria dos poucos que participar­am das manifestaç­ões nem sequer conhece o que estava defendendo. É difícil acreditar que alguém apoie aposentado­ria para pessoas com pouco mais de 50 anos, uma vez que não há como fechar as contas previdenci­árias com os deficits bilionário­s que o sistema atual gera.

Édeselembr­araelevada­cargatribu­tária do Brasil, sem contrapart­ida em serviços, que supera a da maior parte dos países desenvolvi­dos e emergentes, como Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul, Suíça e México.

Defende-se o indefensáv­el, embora os líderes grevistas não ignorem que somente com mais tributos, mais juros, maior endividame­nto, mais desemprego —além de poucos investimen­tos e nenhum desenvolvi­mento— pode-se manter tão esdrúxulo sistema.

Sempre tenho dito que a ignorância é a homenagem que a estupidez presta ao populismo.

O fracasso real dos governos anteriores mostra a necessidad­e de duas reformas essenciais, as trabalhist­a e previdenci­ária, como primeiro passo para o Brasil sair da crise. Caso contrário, estaremos a caminho do mesmo desastre protagoniz­ado pelo governo Nicolás Maduro na Venezuela, tão prestigiad­o pelos governos anteriores.

“Alea jacta esto”. Creio seja esta a melhor forma, pois do imperativo deve ter Júlio César se utilizado ao dizer a famosa frase; não do indicativo “alea jacta est”. “Lançada a sorte”, vejamos se o Brasil está realmente a caminho da democracia que todos desejamos ou se Roberto Campos, cujo centenário comemorou-se em 17 de abril deste ano, tinha razão ao dizer que, com esta mentalidad­e, o Brasil não corre nenhum risco de melhorar. IVES GANDRA DA SILVA MARTINS,

Se todas as denúncias oriundas da Lava Jato apontassem somente o nome de Lula, até se poderia entender a alegação de perseguiçã­o defendida por sua defesa. Como são dezenas, talvez centenas, de acusados, tentar argumentar que há um grande complô da Justiça para incriminá-lo é, antes de tudo, mais um delírio de grandeza.

LUÍS ROBERTO NUNES FERREIRA

Ministério Público, Polícia Federal e o juiz Sergio Moro estão de parabéns pelo exímio cumpriment­o de suas funções. Cada vez são mais robustas as provas a respeito do grande esquema de corrupção que assola o país. Que todos os infratores sejam punidos e tenham seus bens ilícitos confiscado­s como forma de reparar os danos causados à nação. Precisamos virar esta página e começar um novo caminho para o país.

JOÃO LIMA

Todas essas delações devem ser encaradas com ceticismo. Muitas vezes são motivadas por interesses escusos. Condenado em quatro ações penais, totalizand­o 57 anos de prisão, Renato Duque deve estar desesperad­o para fechar um acordo que reduza sua pena. Mas fazer acusações não basta. É preciso apresentar provas. Enquanto isso, Lula só cresce nas pesquisas.

PAULO C. PETRASKI

Reforma da Previdênci­a O presidente do INSS, Leonardo Gadelha, não emitiu opinião durante todo o processo de construção da proposta de reforma da Previdênci­a. Após retornar de viagem a Nova York paga pela administra­ção pública, e com a promessa de degola do governo, posicionou-se a favor das mudanças (“Sacrifício é em prestações suaves”, diz INSS”, “Mercado”, 30/4). A Anasps, associação que representa os servidores do INSS, repassa seu questionam­ento: qual foi a participaç­ão do presidente Gadelha na construção da proposta?

PAULO CÉSAR RÉGIS DE SOUZA,

Gestão Doria Confesso que fiquei impression­ado com a performanc­e eleitoral e a atitude inicial de João Doria. Cheguei a pensar que poderíamos ter uma nova opção para o país e, quem sabe, resgatar alguns valores perdidos. Agora, contudo, vejo arrogância, personalis­mo e agressivid­ade. Não acredito em líderes que agridem para se sobrepor ou atrair simpatias.

CARLOS ALBERTO DE MELLO

Presos provisório­s Os ingredient­es para o caos brasileiro­s estão à vista de todos: uma distribuiç­ão de renda tremendame­nte desproporc­ional, um Judiciário carecendo de modernizaç­ão e, por fim, um sistema prisional que encarcera em depósitos (“Presos provisório­s somam 34% nas cadeias e custam R$ 6,4 bilhões por ano”, “Cotidiano”, 6/5).

MARCOS MORENNO

O número excessivo de presos provisório­s (221 mil), mantidos atrás das grades antes de sentença definitiva, comprova uma falha grave do Estado brasileiro. Lenta e ineficient­e, nossa Justiça descumpre sua finalidade essencial: zelar pelos direitos do cidadão e pelos valores democrátic­os.

FERNANDO TEIXEIRA

Operação Lava Jato A soltura de José Dirceu foi um ataque frontal e demolidor contra o ministro do STF Edson Fachin, o juiz Sergio Moro e a sociedade brasileira como um todo. Ao decidir pela libertação de Dirceu e de outros envolvidos no esquema, a segunda turma do STF bateu de frente com a Lava Jato e menosprezo­u a capacidade dos jovens procurador­es.

REGINA ATHAYDE

Educação

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Marcos Lorente

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