Ex-estagiário
Aprendiz de Mano e Tite, Fábio Carille mantém o perfil discreto de
Não tinha pressa. Um ano antes havia encerrado a carreira como lateral esquerdo e zagueiro de clubes como Paraná, Santa Cruz, Coritiba, CRB, XV de Jaú, XV de Piracicaba e Juventus —teve rápida passagem pelo Corinthians, mas não chegou a jogar.
“O Fábio sempre foi tranquilo. Desde garoto é muito atencioso. Aprendeu bastante por estar desde os 16 anos no trecho [na estrada]”, lembra Joaquim Araújo Carille, pai do técnico que até hoje vive em Sertãozinho (a 335 km de São Paulo).
Foi lá que o garoto começou a jogar. Pequeno e franzino, atuava com a camisa dez por ter mais habilidade que os demais. Seus amigos ficaram surpresos ao descobrirem que ele se profissionalizara como zagueiro.
Ao saber da surpresa que causou em Sertãozinho por atuar como defensor, ele teve sua reação mais comum sobre a opinião alheia. Não deu importância. CORINTHIANS Mano Menezes gostou do novato no período em que o teve como estagiário no Grêmio, em 2007. Dois anos depois, concordou com a sugestão de seu assistente Sidnei Lobo de levá-lo para o Corinthians. Lobo e Carille haviam atuado juntos no Paraná.
Antes do Grêmio, tinha passado por período de observação com Vanderlei Luxemburgo no Santos. Foi quando começou a compreender melhor como funciona a compactação de um time.
Chegar ao Parque São Jorge foi uma experiência que marcou tanto o novo assistente que até hoje ele aponta o Corinthians de 2009, dirigido por Mano, como o exemplo de time a ser copiado.
Carille passou sete anos observando. Mano gostava das ponderações que ele fazia e o designou para analisar futuros rivais. Ele também aparecia com possíveis reforços. Foi dele a ideia de contratar Jucilei e Edenílson. Ambos vendidos depois para o exterior pelo Corinthians .
Em 2010, quando Mano foi assumir a seleção brasileira, Carille pensou em sair.
“Se você quiser, pode ficar”, lhe avisou o então diretor de futebol Mario Gobbi.
Ele ficou. Após a breve passagem de Adilson Batista, começou a trabalhar com Tite. O técnico logo notou o talento do auxiliar para montar defesas. Deixou-o encarregado dos treinamentos da zaga.
“[Carille] merece o reconhecimento. É um ser humano de caráter e princípios éticos. Teve ricas experiências como ex-atleta associadas à ambição e humildade na busca do conhecimento e evolução. Merece!”, afirma Tite.
As duas passagens do atual treinador da seleção pelo clube (2010-2013 e 2015-2016) terminaram de moldar a personalidade futebolística de Fábio Carille. Ele já estava pronto para assumir o comando da equipe. Faltava a chance. Até Cristóvão Borges, técnico do Corinthians por 18 jogos entre junho e setembro do ano passado, percebeu.
“Fábio participou da implantação de uma filosofia com o Mano e o Tite, e o Corinthians continua bebendo dessa fonte. Ele trilha um caminho muito interessante e com certeza vai dar certo.”
“Dar certo” significa vencer e ser campeão. O que pode acontecer neste domingo. NA TV Corinthians x Ponte Preta Globo (SP) e SporTV