VANESSA,
Assaltada dez vezes e assediada em São Paulo, Vanessa da Mata afirma que ‘é muito difícil’ ser mulher no Brasil, que a adoção dos filhos a transformou e que teme guerra de religiões no país
Depois de sofrer assédios nas ruas de SP e de ser assaltada dez vezes, também empresta sua voz às causas do feminismo. “É muito difícil ser mulher no Brasil”, afirma.
Em entrevista recente, Vanessa se disse “desiludida” com a política, mas não usa mais o termo. “A desilusão nos afasta da discussão, e isso é perigoso: nos torna radicais, manipulados”.
E lamenta opapelqueareligião tem desempenhado na polarização das discussões. A cantora diz que tem medo de uma “guerra santa” no Brasil e que nunca viu “tanta gente usando a fé para o mal”.
Ela se declara “misturada” quando o assunto é crença. “SoubatizadanoKetu[vertente do Candomblé], gosto do catolicismo, amo o Dalai Lama. Acho que todos conversam. Quando vira uma coisa radical, arrogante, não é problema da religião, é do ego.
Quando não está trabalhando, Vanessa, que é separada, cuida dos três filhos, Bianca, 12, Micael, 13, e Felipe, 15, irmãos adotados há sete anos. “Eu fui visitar um abrigo e me apaixonei pelos três. Não conseguia tirar da cabeça, fiquei doente”. “Na época eu queria morar em Nova York, mas percebi que as crianças não podiam esperar”. A lembrança da avó, que chegou a ter 20 filhos, vários dos quais adotivos, a ajudou a não compartilhar “do preconceito que há no Brasil contra adoção”, diz.
A maternidade, afirma, foi umas das experiências mais transformadoras por que passou. “Minha relação de dor com o mundo mudou. Antes, queria sair do Brasil porque não conseguia ver gente dormindo na rua, doía muito. Ter filhos sanou não só minha maternidade, mas também minha necessidade de acolhimento, questões que eu tinha com meus pais. Resolveu tudo.”