Folha de S.Paulo

O perigo de não se renovar

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A CENA é bem comum: o chefe convoca uma reunião, prometendo anunciar novas metas e planos para a empresa. Todos ficam ansiosos, cheios de expectativ­a. Mas quando o encontro acontece, o que se escuta é o mesmo discurso de sempre —o que só causa frustração e desânimo.

Muita gente nem sequer percebe, mas passa anos repetindo a mesma fórmula. Mesmo que o discurso ganhe novas palavras, jargões da moda e até alguns termos em inglês, o que se vê ali não deixa de ser a mesmíssima ideia de antes, agora desgastada pelo tempo.

Esse é o grande perigo que se corre ao não renovar nem seus conhecimen­tos nem suas companhias.

Ao conviver no mesmo meio, com pessoas parecidas, sem nunca sair dessa bolha para aprender coisas novas, você chegará a um dos seguintes resultados: vai reciclar conceitos do passado ou imitar quem está ao seu lado.

Nenhuma das duas alternativ­as é boa para sua carreira. Ninguém quer ter por perto alguém que não tem nada de novo a dizer. E uma pessoa que pensa exatamente como os outros também não se destaca nem contribui, podendo ser facilmente substituíd­a.

Para fazer algo diferente, é preciso olhar o mercado de forma diferente, ter uma postura diferente e aprender todos os dias.

Passamos muito tempo discutindo coisas que não vão levar a nenhum resultado. Isso porque, normalment­e, discutimos com as mesmas pessoas, sobre os mesmos temas, com os mesmos argumentos.

Alguns líderes realmente não sabem o que fazer. Só ficam girando em círculos. Eles não buscam novos conhecimen­tos, não trazem propostas claras, defendem o seu departamen­to e ficam apenas se justifican­do, quando na verdade deveriam reconhecer que precisam aprender coisas novas.

Temos que ter coragem para mudar, reconhecer que precisamos percorrer outros caminhos, encarar novos desafios, sofrer quando não atingirmos os resultados e assumir a responsabi­lidade por aquilo que não foi feito, seja por falta de esforço ou de conhecimen­to.

E nem venha me dizer que não há motivação para ir atrás do aprendizad­o e da mudança. O primeiro impulso vem da consciênci­a. A motivação, aquele gás que te deixa animado e feliz, só aparece com força depois que os primeiros resultados são atingidos.

Quanto mais resultados alcançar, mais motivado ficará.

Temos que ter coragem para mudar e reconhecer que precisamos de outros caminhos e novos desafios

EDUARDO SODRÉ escreve na próxima edição

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