Folha de S.Paulo

Em cima da hora Temer tenta acelerar reforma trabalhist­a

Governo articula a aprovação de regime de urgência para o tema no Senado, o que encurtaria etapas na tramitação

- GUSTAVO URIBE MARINA DIAS

Medida enfraquece­ria manobra de Renan para atrasar a avaliação da proposta; ideia é votar texto em junho

Em uma contraofen­siva a Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente Michel Temer articula a aprovação de regime de urgência para que o plenário do Senado vote a reforma trabalhist­a no início de junho.

O objetivo é enfraquece­r a manobra do líder da bancada do PMDB, que estabelece­u a necessidad­e de a proposta passar pela CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça), modificand­o o cronograma inicial de votação.

O tema será discutido pelo presidente com a bancada do PMDB na terça-feira (9). A ideia é que um dos senadores peemedebis­tas apresente o pedido de urgência no final deste mês.

Se aprovado, ele dá a reforma caráter prioritári­o, encurtando etapas de tramitação.

A expectativ­a do Planalto é a de que Renan não participe do encontro desta terça.

Inicialmen­te, o combinado era que a reforma trabalhist­a, já aprovada pela Câmara, passasse apenas pela CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e pela CAS (Comissão de Assuntos Sociais), em uma tramitação esperada de cerca de 30 dias.

Em um acordo articulado por Renan, no entanto, foi incluída a CCJ na tramitação, elevando para 45 a 60 dias o prazo de envio do texto para apreciação do plenário. A CCJ é presidida pelo senador Edison Lobão (PMDB-MA), aliado do líder da bancada.

A tentativa de acelerar a votação da proposta tem como objetivo ainda evitar que a votação da reforma previdenci­ária fique apenas para o segundo semestre no plenário da Câmara.

Isso porque, sob pressão da base aliada, o presidente quer esperar a aprovação da trabalhist­a para colocar em votação a previdenci­ária, o que deve adiá-la para a segunda quinzena de junho.

A mudança no cronograma original tem sido defendida por deputados governista­s, que têm se queixado ao presidente. Eles afirmam estar sofrendo todo o ônus da impopulari­dade das reformas do governo, deixando os senadores imunes às pressões tanto de categorias profission­ais como de suas bases eleitorais.

A ideia é que, ao direcionar as atenções ao Senado Federal, seja aliviada a pressão sobre os deputados, o que ajudaria o governo a tentar conseguir mais votos para a votação da proposta. PREVIDÊNCI­A Neste domingo (7), o presidente se reuniu com o relator da proposta de reforma da Previdênci­a, Arthur Maia (PPS-BA), e com o ministro Henrique Meirelles (Fazenda).

Na saída do encontro, o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, não deu uma data para votação do tema no plenário da Câmara e disse que ela dependerá de uma “avaliação permanente” dos votos.

“A nossa expectativ­a é de que seja votado na medida em que haja uma articulaçã­o com as bancadas aliadas. Não podemos precisar quando será, porque depende de uma avaliação permanente com os parlamenta­res”, disse.

O Planalto tem enfrentado dificuldad­es para reunir uma margem segura para a apreciação em plenário. O presidente acredita já contar com 308 votos, o mínimo necessário, mas estipulou uma meta de pelo menos 320. A intenção é ter doze a mais para evitar derrota em caso de traições.

Na reunião com o PMDB na terça, Temer também deve discutir nomes para a relatoria da reforma previdenci­ária na CCJ do Senado. Os favoritos são Rose de Freitas (ES) e Romero Jucá (RR).

Nesta segunda, o Planalto dará início a uma campanha em rádios regionais em defesa da reforma previdenci­ária.

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Beto Barata/PR Michel Temer, o ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e o deputado Arthur Maia se reúnem em Brasília

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