Folha de S.Paulo

CRÍTICA Sting revive Police em show matador

Cantor inglês mostra oito músicas de seu antigo grupo para deixar plateia paulistana extasiada

- THALES DE MENEZES

Numa carreira solo bemsucedid­a há três décadas, Sting sabe muito bem que nela não repete o impacto na música pop que ele alcançou como cantor e baixista do trio Police, entre 1977 e 1986. O grupo saiu de uma fornada de bandas new wave para se tornar um gigante do rock.

O artista britânico fez show único na oitava passagem pelo Brasil desde 1982, quando tocou no Rio com o antigo grupo, e deixou claro que entende o desejo do público.

Na noite de sábado (6), tocou para pouco mais de 10 mil pessoas no Allianz Parque, em São Paulo, numa configuraç­ão reduzida que utilizou metade do estádio para abrigar palco e arquibanca­da. E ele não teve receio de incluir oito músicas do Police para ganhar a plateia em um show consagrado­r.

Havia lugares vazios. Uma parte dos 15 mil ingressos disponívei­s acabou sobrando na mão de dezenas de cambistas em torno do estádio.

Quem entrou assistiu a uma apresentaç­ão impecável. Sting abriu com “Synchronic­ity 2”, uma das mais poderosas do antigo trio, seguida de mais Police, “Spirits in the Material World”.

Cantando forte e com uma banda pequena e afiada, reforçada pelo grupo texano The Last Bandoleros, que fez ótimo show preliminar, Sting tratou em seguida de mostrar os sucessos que criou sozinho, como “Englishman in New York” e “Fields of Gold”.

Ele apresentou cinco músicas de seu álbum mais recente, “57th & 9th”. Celebrado pela crítica como “uma volta ao rock”, a performanc­e no palco comprova o que já era possível constatar no estúdio: tudo bem, é até rock, mas a música de Sting segue com jazz nas entranhas.

Já era assim no Police, com seus integrante­s ecléticos. Sting vinha de carreira em grupos de jazz, o baterista Stewart Copeland adorava ritmos africanos, e o guitarrist­a Andy Summers gostava de blues, rock e bossa nova.

A força do repertório de “57th & 9th” ficou comprovada. Canções como “Down, Down, Down” e “One Fine Day” ficaram muito bem ao lado de, por exemplo, o hino “Message in a Bottle”, outro clássico do Police no setlist.

Sting, em ótima forma física e vocal aos 65 anos, faz canções pop pegajosas que parecem simples, mas definitiva­mente não podem ser classifica­das assim. Usa poucos acordes, cria sequências harmônicas sutis e envolvente­s e é um baixista extraordin­ário, como mostrou na versão “jazzy” de “Roxanne”.

E foi com o repertório do Police que Sting eletrizou o público no final do show, resgatando “Walking on the Moon”, “So Lonely” e “Roxanne”. No bis, tocou “Next to Me” e o maior sucesso do Police, “Every Breath You Take”. Encerrou com a balada “Fragile”, dedicada ao líder indígena brasileiro Raoni.

Na abertura da noite, seu filho Joe Sumner mostrou pop rock sem brilho e ainda passou mal na última música, emocionado. Sting entrou no palco para amparar o rebento e causou alvoroço na plateia com a rápida e inesperada aparição prematura.

Sumner voltaria no show do pai, para cantar uma dispensáve­l versão de “Ashes to Ashes”, de David Bowie. AVALIAÇÃO ótimo VEJA TAMBÉM GOTHAM Na volta dos novos episódios desta série que retrata Gotham City bem antes de Bruce Wayne se tornar o Batman, a origem do Charada é revelada após uma batalha com o Penguim, outro bem conhecido vilão da cidade. Warner, 22h30, 16 anos E AINDA RODA VIVA Prevista para ir ao ar em março, a entrevista com o psicanalis­ta Jorge Forbes, que comanda a série “Terradois”, também da Cultura, será exibida nesta segunda (8). Ele fala das novas formas de viver, amar e trabalhar no século 21. Cultura, 22h15, Livre

 ?? Ricardo Matsukawa/Divulgação ?? Sting no palco do Allianz Parque, em São Paulo
Ricardo Matsukawa/Divulgação Sting no palco do Allianz Parque, em São Paulo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil