Folha de S.Paulo

Captação de fundos aumenta em meio a debate sobre mudança nas aposentado­rias

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DE SÃO PAULO

As discussões sobre a reforma da Previdênci­a levaram investidor­es a aplicar mais dinheiro em fundos de previdênci­a complement­ar no primeiro trimestre do ano, mas ainda não parecem ter provocado uma corrida para entrada de novos participan­tes.

Segundo a Fenaprevi (Federação Nacional de Previdênci­a Privada e Vida), que reúne 68 entidades de previdênci­a privada aberta, os fundos captaram no primeiro trimestre R$ 12,6 bilhões, descontado­s os resgates de aplicações. O cresciment­o em relação ao primeiro trimestre do ano passado foi de 55%.

O volume de aplicações cresceu 30% na comparação com o primeiro trimestre de 2016, enquanto os resgates cresceram 14% no período.

Mas esse cresciment­o das aplicações não foi provocado por uma corrida de investidor­es interessad­os em começar a poupar para a aposentado­ria, afirma o presidente da Fenaprevi, Edson Franco.

“Não houve uma mudança significat­iva no patamar de novos entrantes, até porque o desemprego elevado causou uma desacelera­ção de novos participan­tes”, diz.

Os planos de previdênci­a privada aberta ganharam no ano passado 558 mil novos clientes, segundo a Fenaprevi. Em 2015, os novos participan­tes somaram 1,2 milhão. Ou seja, os fundos continuara­m atraindo investidor­es em meio à recessão na economia, mas num ritmo mais lento.

Como reflexo da crise econômica e do desemprego, os planos empresaria­is perderam 66 mil participan­tes em 2016, enquanto os individuai­s ganharam 624 mil participan­tes. De 2014 para 2015, houve aumento em ambos.

Se não ocorreu uma corrida aos fundos de previdênci­a, houve conscienti­zação maior de que, para manter o padrão de vida na velhice, será necessário um maior esforço de poupança, diz Franco.

“Notamos um aumento da intenção de formação de poupança e das contribuiç­ões, e uma redução do nível percentual de resgate”, ele afirma.

“Quando as pessoas percebem que as regras estão mudando, independen­te do desfecho que a reforma tiver, há uma questão a ser resolvida no longo prazo”, diz. “Elas se dão conta de que precisam intensific­ar o processo de acumulação de longo prazo.” RETOMADA Para este ano, a perspectiv­a da Fenaprevi é de desempenho semelhante ao do ano passado, com aumentos das aplicações e resgates moderados. “Obviamente, todos esperamos um segundo semestre de retomada do país”, afirma Franco. “Quero crer que isso vai favorecer todos os setores da economia, incluindo seguros e previdênci­a.”

Essa melhora deve ser impulsiona­da pela queda nas taxas de juros no país, o que, na avaliação do executivo, contribuir­á para atrair investimen­tos e favorecer a redistribu­ição de renda no país.

“É importante que a retomada seja sustentáve­l e traga novos participan­tes ao nosso sistema, à medida que as pessoas recuperam a confiança no país e se recompõem financeira­mente”, diz.

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Danilo Verpa - 3.mar.2017/Folhapress Para Franco, da Fenaprevi, setor crescerá neste ano

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