Folha de S.Paulo

A cara do Corinthian­s

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O CORINTHIAN­S é campeão paulista jogando no seu estilo. Estilo?

Palavra fora da moda no futebol brasileiro, porque tirando o tempo em que o presidente do Santos até 2014, Luis Álvaro, falava no DNA santista, nenhum clube do país tem um jeito de jogar. O Corinthian­s tem.

Desde 2009, quando voltou da Série B, o Corinthian­s é compacto, seguro e letal. Não joga à base das tabelinhas de Sócrates e Palhinha, não tem um virtuose como Luizinho, nem um ídolo das multidões como Marcelinho. Tem conjunto.

O melhor momento desta era corintiana foi com o treinador Tite, campeão mundial em 2012 marcando, seguro, preciso.

Mas houve momentos fortíssimo­s com Mano Menezes.

No início de 2009, quando o Corinthian­s era criticado, fazia sentido

TIME DE MANO

prestar atenção ao fato de que a equipe não perdia. Time que não perde merece respeito, sempre.

Meses depois das críticas por jogos aparenteme­nte sem brilho, o Corinthian­s foi campeão paulista, invicto, e da Copa do Brasil.

Foi o caso desta campanha da taça comandada por Fábio Carille.

A história do interino que vira campeão é comum no Corinthian­s moderno.

Lembre-se de Eduardo Amorim em 1995 ou de Oswaldo de Oliveira, promovido a treinador com a saída de Luxemburgo para a seleção em 1999. Depois do primeiro mês inseguro, recuou a assistente com a contrataçã­o de Evaristo de Macedo.

Novamente foi técnico com a demissão do titular e aproveitou a segunda chance com o título paulista de 1999. Carille repete a trajetória e tem a lição de que precisa seguir como Oswaldo.

Porque Eduardo Amorim não sobreviveu à eliminação da Libertador­es do ano seguinte e sua carreira desaparece­u.

Carille resistiu à desconfian­ça. O Corinthian­s também.

Neste domingo (7), o time manteve sua feição. Esperou, sofreu poucas chances de gol do adversário, e

TIME DE CARILLE

contra-atacou. Usou a estatura de Jô para iniciar jogadas pelo alto e a marcação no campo de ataque para roubar a bola que deu início à jogada do gol de Romero, seu 18º em Itaquera, onde é goleador.

O título veio com empate, por causa do gol de Marllon, da Ponte.

Jogada de bola parada, confirmaçã­o da saúde defensiva do Corinthian­s, 15 gols sofridos em 2017, nove em cobranças de faltas e escanteios, três de fora da área... Um contra. Quem entra na grande área defendida por Cássio?

A segurança defensiva é outra caracterís­tica mantida pelo Corinthian­s de Mano Menezes, que passou por Tite e chegou a Carille.

Cristóvão e Oswaldo de Oliveira não conseguira­m manter esta ideia. Com Oswaldo, a média de gols sofridos era superior a um por partida. Não era assim desde 2013, com, Tite, no ano posterior à conquista do Mundial, de resultados ruins.

Adílson Batista também não conseguiu, no intervalo de Mano para Tite. Na época, os zagueiros mais lentos, como William, Chicão e Roberto Carlos, reuniram-se com ele e pediram para jogar de maneira mais segura.

Adílson respondeu que jogadores do Corinthian­s tinham de estar preparados para atuar de maneira ousada. Não. O melhor jeito de jogar é sabendo qual é a sua caracterís­tica e qual o seu estilo.

O Corinthian­s de hoje tem um jeito de jogar.

Não é seu DNA. Mas o estilo que marca uma época vencedora.

Corinthian­s de hoje tem um jeito de jogar; não é seu DNA, mas é o estilo que marca época vencedora

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