Produto ainda não passou pelo crivo da FDA
Colunista da testa supositório vaginal à base de maconha que promete acabar com a dor da cólica menstrual; produto faz parte de arsenal da indústria de remédios e cosméticos com ingredientes da nos EUA
gram #pepekalouca #pepekahigh #pepekaviajandona.
Antes que eu pudesse terminar de pensar na melhor hashtag, a dor começou a diminuir. Olhei no relógio e apenas cinco minutos haviam se passado.
Chequei o site novamente, na seção de perguntas e respostas. O produto é feito com manteiga de cacau, que deixa o produto meio escorregadio e faz lembrar que o pompoarismo tem realmente mil e uma utilidades.
Segundo os pesquisadores, o THC e o CBD presentes na fórmula relaxam a musculatura da região pélvica, que tem o maior número de receptores canabinoides, depois do cérebro, e aliviam a dor.
Devo estar doidona e já não sinto mais nada. Nem 10 minutos e adeus cólicas, dores na lombar, mal-estar. Será que o mundo vai girar quando me levantar, terei um acesso de riso, estou xaropona? Nada. Exatamente como diziam os depoimentos. Em comum, todo mundo satisfeito com o resultado, mas decepcionado porque o supositório vaginal é só medicinal e não dá barato na pepeka.
Funcionou para mim também, mas ainda não tem previsão de venda no Brasil.
DA COLUNISTA DA FOLHA
Mais da metade dos Estados americanos legalizou o uso medicinal da maconha. Apenas em sete ela pode ser usada de forma recreativa, e cada um tem suas próprias leis.
Na Califórnia, é preciso de receita médica, mas, ao andar por Los Angeles, é possível ver placas com anúncios de consultas por U$ 40, o que pode garantir acesso a manipulados ou à erva. No Colorado, onde o uso recreativo também foi liberado, há uma enorme indústria de produtos à base da cannabis crescendo.
O Brasil é um dos países em que o uso medicinal só é autorizado mediante pedidos na Justiça. Em novembro, porém, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou critérios para permitir o registro, a venda e o uso de medicamentos à base de maconha.
O supositório de maconha para aliviar cólicas menstruais, lançado nos EUA, ainda não passou pelo crivo do FDA (agência que regula remédios nos EUA) pela falta de pesquisas que comprovem a sua eficácia e segurança.
Sem esse carimbo, muito médicos americanos são bastante cautelosos em indicar o produto. Os relatos das usuárias, contudo, são em sua maioria positivos.
A empresa afirma ainda que não foram observados efeitos colaterais significativos porque os compostos do supositório agem localmente, diferente do que acontece quando a maconha é inalada ou ingerida.
“O supositório usa o componente da maconha que tem efeito analgésico e cuja eficácia foi comprovada contra a dor em casos de câncer. Ginecologicamente, seria uma alternativa aos analgésicos tradicionais, que podem ter efeitos colaterais, desde que a segurança seja estabelecida em estudos clínicos”, diz Carlos Alberto Petta, presidente da Sociedade Brasileira de Endometriose.
A indicação da dosagem é variável e, segundo o site da empresa, depende da intensidade da dor.
Fumar maconha teria o mesmo efeito? Não. “A concentração dos ativos na fórmula é para efeito analgésico. Além disso, ele é absorvido diretamente na mucosa vaginal e funciona localmente”, diz Petta. (MPJ)