Folha de S.Paulo

Virada substitui palco por tablado no centro

Evento nos dias 20 e 21 de maio espalhará grandes atrações por SP sob o argumento de evitar multidões e elevar segurança

- AMANDA NOGUEIRA Perus Freguesia Brasilândi­a Socorro Cachoeirin­ha Casa Verde

Daniela Mercury, Titãs, Nando Reis e Liniker e os Caramelows são destaques entre as 900 atrações do programa

Neste ano, a Virada Cultural de São Paulo realiza seu maior esforço de descentral­ização. Nas últimas 12 edições, o evento testou ampliar e reduzir a ocupação do centro conforme demandas do público.

A primeira edição da gestão João Doria (PSDB), nos dias 20 e 21 deste mês, radicaliza­rá o esvaziamen­to da região sob o argumento de evitar aglomeraçõ­es por motivos de segurança, entre outras razões. A mudança também explicita um orçamento enxuto, com nomes pouco conhecidos.

A Virada Cultural foi criada para incentivar a ocupação de espaços públicos, em especial os centrais. Em 2016, o evento reuniu 4,7 milhões de pessoas. Naquele ano, o centro tinha 17 palcos, sem contar pontos como o Theatro Municipal. Agora, a região terá 30 tablados, que vão de 42 cm a 1 m do chão, e nenhum palco ao ar livre.

O perímetro carecerá de atrações de peso —estas migrarão para cinco grandes palcos no sambódromo do Anhembi, na Chácara do Jockey, no autódromo de Interlagos, no Parque do Carmo e na praça do Campo Limpo.

As atrações mais populares do centro ficarão nos quatro maiores tablados. O Cabaré Queer, em frente ao Copan, receberá artistas como Jaloo e Rico Dalasam, e a avenida São Luis terá diversas big bands.

A ideia da Secretaria Municipal de Cultura é que a população passeie pelo local e tenha acesso a uma programaçã­o de diversas searas, e não apenas a shows.

“As pessoas não vinham participar da Virada, vinham assistir a um show específico”, disse o secretário municipal da Cultura, André Sturm. “Estamos apostando em uma permanênci­a mais longa, com o público mais espalhado, e não em grandes blocos”.

Entre os tablados, que receberão em média 12 atrações e serão dispostos a cada 100 m, haverá uma espécie de circuito, ainda menor, que acompanhar­á os possíveis fluxos de pessoas durante o evento.

“A gente conseguiu ter muitos eventos no centro, com percursos bem iluminados e tablados com teatro, circo e dança”, afirmou Hugo Possolo, curador do evento e integrante do grupo teatral Parlapatõe­s. SAIR DO CENTRO A ideia de descentral­ização não é nova. “Quando a Virada começou, em 2005, era mais aberta e funcionou em partes. Nos anos seguintes já notávamos que o centro lotava e a periferia ficava mais vazia do que quando recebia shows em outras datas”, diz José Mauro Gnaspini, produtor e idealizado­r da Virada.

Ele esteve à frente dela até 2015 e atribuiu o interesse do público à essência do evento, e não à curadoria. “As pessoas queriam mesmo era ser convidadas para a mesma festa.”

Ele teme que “continue se chamando Virada Cultural, mas mude tanto que não tenha o mesmo espírito”.

Para Sturm, a nova proposta não é igual às anteriores. “Estamos apostando em locais que já têm vocação para atrações culturais e as programaçõ­es são fortes”, diz.

Entre os destaques deste ano, estão nomes como Liniker, Daniela Mercury, Alcione, Titãs e Nando Reis.

Com orçamento de R$ 13 milhões —R$ 2 mi a menos do que o da edição passada—, esta Virada é a primeira a contar com uma fatia de patrocínio tão alta. Só do Bradesco, único patrocinad­or confirmado até o momento, foram R$ 2 milhões. Mesmo com o orçamento mais enxuto, o número de atrações subiu de 700, em 2016, para 900 neste ano.

A prefeitura aguarda novos investimen­tos. Até o dia 20, cinco tipos de cotas de patrocínio estão sendo oferecidas, de R$ 300 mil a R$ 4 milhões. Por esse motivo, especulous­e a inclusão de espaços VIPs. André Sturm nega. VIRADA CULTURAL 2017 Locais que receberão atrações Região central recebe artistas menos conhecidos Tablados e intervençõ­es Alimentaçã­o

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Divulgação Nando Reis, Daniela Mercury e Liniker, três das principais atrações da Virada Cultural deste ano, farão grandes shows em locais distantes da região central da cidade de São Paulo

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