Folha de S.Paulo

Comissão aprova reforma da Previdênci­a

Um mês depois do previsto inicialmen­te, proposta avança e fica pronta para ser analisada no plenário da Câmara

- LAÍS ALEGRETTI DANIEL CARVALHO

Nova versão alterou pontos centrais do projeto original do governo, atenuando o impacto das mudanças

Um mês depois do previsto, o governo Michel Temer conseguiu concluir nesta terça-feira (9) a votação da proposta de reforma da Previdênci­a na comissão especial da Câmara dos Deputados.

O texto, que alterou os principais pontos da proposta do governo e atenua o impacto das mudanças em aposentado­rias e pensões, segue para análise do plenário da Casa.

No governo, não há consenso sobre a data da próxima votação. Uns mantêm a previsão feita no início da semana final de maio, outros dizem que não há prazo.

A votação pelos 513 deputados, no plenário, será o maior teste da reforma da Previdênci­a, que precisa do apoio de pelo menos 308, em dois turnos, antes de seguir para o Senado.

O relator do projeto, deputado Arthur Maia (PPS-BA), espera 330 votos na Câmara. O número é o mesmo da lista de parlamenta­res que devem ser contemplad­os com a liberação de recursos para bancar obras e projetos em suas bases eleitorais. O dinheiro seria liberado nas próximas três semanas para aqueles que se compromete­rem a votar pela reforma.

Há duas semanas, o governo avaliava contar com apenas 150 votos na Câmara.

A comissão voltou a se reunir nesta semana depois de a reunião ter sido interrompi­da pela invasão de agentes penitenciá­rios na quarta (3), quando foi aprovado o textobase e se iniciou a análise de destaques que propunham alterações no texto.

Nesta terça, a reunião foi retomada com a análise de dez destaques, dos quais nove foram derrubados.

Foi aprovado um destaque que eliminou do texto o trecho que retirava da Justiça Estadual e passava para a esfera federal a competênci­a de julgar casos de benefícios acidentári­os da Previdênci­a. A proposta foi apresentad­a por partidos da base de Temer (PTB, PROS, PSL e PRP).

O governo defende que a concentraç­ão dos casos na Justiça Federal poderia reduzir os custos administra­tivos.

Na semana passada, instantes antes da invasão, o governo negociou a aprovação desse destaque em troca de deixar para o plenário uma eventual mudança nas regras dos agentes penitenciá­rios, que reivindica­m as mesmas regras aprovadas para policiais federais e legislativ­os. SEGURANÇA O Congresso amanheceu com um forte esquema de segurança para evitar a ocorrência de manifestaç­ões nesta terça, com grades em torno de toda a área do prédio, além de reforço policial.

O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) criticou o uso de armas de fogo pelos policiais legislativ­os no interior da Câmara, o que não é usual.

Havia manifestan­tes fora do prédio, mas eles não entraram na Câmara e não houve confronto com a polícia. IDADE MÍNIMA A primeira grande mudança do texto aprovado em relação à proposta original do governo Temer foi a diferencia­ção da idade mínima de aposentado­ria da mulher na regra geral.

O relatório propõe 62 anos para elas e 65 anos para eles. O tempo de contribuiç­ão de 25 anos foi mantido para os dois gêneros. A regra de transição e o prazo para atingir o valor máximo do benefício também mudaram.

Com as mudanças, a economia prevista para os próximos dez anos caiu de R$ 800 bilhões (cinco vezes o deficit atual) para R$ 600 bilhões, segundo estimativa oficial.

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Mateus Bonomi/Agif/Folhapress Agentes penitenciá­rios protestam no DF contra a reforma

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