DE OLHO NA OLHEIRA
Pigmentação —temporária ou permanente—começa a ser usada para atenuar manchas ao redor dos olhos, mas médicos veem riscos
se justifica usar a tatuagem para cobrir um problema que pode ser solucionado com medidas menos drásticas.
Torres discorda: “Na verdade, eu estou resolvendo um problema que os dermatologistas e cirurgiões plásticos não resolvem”.
A dermatologista da SBD rebate e afirma que o problema estético deve ser avaliado por especialistas e que, com as técnicas existentes (veja infográfico acima), é possível resolver quase todos os tipos de olheiras.
Segundo Daniel Coimbra, coordenador de cosmiatria da SBD, a micropigmentação e a
Pele do designer gráfico Jonas Lobo, 32, é preparada antes de receber micropigmentação
tatuagem podem dificultar tratamentos futuros, como os que usam laser. Pode haver também o risco de alergias.
Mário Motta, membro da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, também levanta ressalvas quanto às novas opções contra olheiras. Ele afirma que há um risco de as práticas provocarem crescimento anormal dos cílios —que poderiam chegar a ferir o olho— e criarem distúrbios nas glândulas que auxiliam na lubrificação dos olhos.
“Esses problemas são raros, mas, se o procedimento for feito por uma pessoa que não conhece a anatomia de pálpebra, a chance de ter problemas é maior” diz.
Ainda segundo Coimbra, as técnicas só se concentram na questão da pigmentação e não tratam da profundidade das olheiras, que pode ser causada pela flacidez da pele e pelo envelhecimento.
Também é preciso considerar o que causou as manchas, que podem ser de melanina, hemossiderina (substância presente no sangue) ou até mesmo da presença de muitos vasos sanguíneos na área (olheiras vasculares).
O que os tratamentos dermatológicos fazem é basicamente tentar desgastar essas substâncias.
O fator hereditário conta bastante para a aparição das olheiras. Alergias e o ato de coçar muito a região também podem causar as manchas.
Já as olheiras provocadas pelo cansaço e pela falta de sono costumam ser mais passageiras.
Os especialistas ouvidos pela Folha preferem ser cautelosos com os novos tratamentos e afirmam que são necessários estudos para comprovar a segurança dos mesmos. “As pessoas precisam ter um pé atrás com tudo que parecer milagre”, afirma Daniel Coimbra.