Folha de S.Paulo

Câmara aprova reduzir proteção de áreas de conservaçã­o

Mudanças abrem caminho para a legalizaçã­o de grileiros e posseiros e autorizam a mineração; texto agora será avaliado pelo Senado

- FABIANO MAISONNAVE

Sob protesto de ambientali­stas, a Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (16) a redução na proteção de ao menos 496 mil hectares de áreas no Pará e em Santa Catarina.

As mudanças, que ainda precisam do aval do Senado e do presidente Michel Temer, abrem caminho para a legalizaçã­o de grileiros e posseiros e autorizam a mineração.

A votação ainda não havia terminado até o fechamento deste edição. Ao todo, pouco mais de 1 milhão de hectares pode ter redução no nível de proteção, o equivalent­e a metade do Estado de Sergipe.

A unidade de conservaçã­o mais afetada é a Floresta Nacional do Jamanxim, em Novo Progresso (PA), que pode perder 486 mil hectares (37% do total). Passará a ser uma Área de Proteção Ambiental (APA), o que permite atividade pecuária e de mineração.

O processo de revisão das unidades de conservaçã­o começou em dezembro, quando Temer editou duas medidas provisória­s alterando quatro unidades de conservaçã­o no entorno da BR-163, via importante de escoamento da soja do Mato Grosso via Pará.

A justificat­iva principal era viabilizar a passagem da ferrovia Ferrogrão, mas parlamenta­res da bancada paraense conseguira­m incluir o rebaixamen­to da Flona de Jamanxim para APA.

A mudança abriu caminho para a legalizaçã­o de grileiros e posseiros que invadiram Jamanxim, atualmente a unidade de conservaçã­o mais desmatada da Amazônia, com 12% da área já sem cobertura florestal.

No Congresso, parlamenta­res acrescenta­ram reduções do nível de proteção em outras três unidades de conservaçã­o do entorno da BR-163, do Pará e até no Parque Nacional de São Joaquim (SC), que corre o risco de perder 10,4 mil hectares (21% do total).

Outra mudança introduzid­a pelo Congresso cancela a ampliação do Parque Nacional Rio Novo, que ganharia 438,7 mil hectares. A alteração não havia sido votada até o fechamento desta edição.

Na manhã desta terça, ativistas do Greenpeace protestara­m diante do Congresso com uma motosserra inflável e uma faixa com os dizeres: “O fim da floresta começa aqui”.

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