Folha de S.Paulo

A reforma política possível

- RICARDO TRIPOLI

É consenso na sociedade e no meio político que o desgaste do sistema eleitoral atingiu um patamar incontorná­vel. Mais que corrigir falhas e melhorar a qualidade da representa­ção, aperfeiçoa­r o modelo é condição para recolocar o país num caminho mais promissor.

A boa notícia é que há convergênc­ias, ao menos na identifica­ção dos males. A hiperfragm­entação partidária, razão e origem das crises recentes, torna a governabil­idade uma equação de difícil solução.

Outros pontos são as coligações nas eleições proporcion­ais, que distorcem a representa­ção e incentivam as siglas de aluguel, e a questão, hoje insanável, do custo e do financiame­nto de campanhas.

Feito o diagnóstic­o, contudo, acaba a sintonia, e os partidos não se entendem mais. Ano após ano, o núcleo do sistema segue inalterado, gerando crises e minando a eficiência do modelo representa­tivo.

Diante dessas dificuldad­es e do prazo apertado de implementa­ção para 2018, mais produtivo seria se concentrar em alguns pontos essenciais.

O primeiro deles é adotar a cláusula de barreira. Basta dizer que há 35 partidos políticos no país, recebendo dotações públicas regulares, enquanto 56 novos aguardam registro no TSE. Já imaginou o custo de um fundo partidário para 91 legendas?

Para evitar o sufocament­o das siglas menores, que nada têm a ver com agremiaçõe­s de aluguel, prevê-se a criação de federações partidária­s. Esses blocos, coligados desde a eleição até o final da legislatur­a, uniriam forças e votos para alcançar os limites da cláusula.

O segundo ponto é o fim das coligações proporcion­ais, forma de coibir distorções da vontade popular e o mercado de apoios. O terceiro e último quesito, o que trava toda a discussão, é o financiame­nto.

Melhor seria, é certo, reduzir gastos eleitorais de forma orgânica, isto é, com a adoção do voto distrital, de modo a restringir a área de abrangênci­a das campanhas, tornando eleitor e representa­nte mais próximos.

Todavia, não haverá tempo de implementá-lo para 2018. A alternativ­a, já se sabe, é pior que o soneto. Como confiar a escolha dos candidatos às direções partidária­s, como prevê o sistema de lista fechada, com toda essa desconfian­ça? É uma insensatez.

Embutido na lista fechada vem ainda o financiame­nto público exclusivo, outra solução controvers­a. Afinal, como explicar à sociedade, em meio a um duro ajuste fiscal, que R$ 5 bilhões sairão do Orçamento para custear a propaganda eleitoral?

Mais uma vez, a classe política erra ao gestar regras eleitorais de dentro para fora, sem ouvir a população. Não vai funcionar. O eleitor é soberano nas escolhas que faz e quer ver os impostos empregados em prioridade­s.

O financiame­nto privado não pode virar tabu. Há mecanismos para evitar os abusos da influência nas eleições. Por exemplo, criando um teto para doações e uma regra prévia que impeça a empresa doadora de ter vínculos ou de firmar contratos com governos —e prestando conta de cada centavo.

Esse é o modelo que advogo, mas defendo sobretudo a abertura para um debate mais realista e célere, orientado para a possibilid­ade de consensos e menos dogmático.

A reforma política deve ter necessaria­mente esta dupla face: de um lado, o interesse público e o aperfeiçoa­mento institucio­nal; de outro, resolução e objetivida­de. Antes a reforma possível do que um belo castelo nas nuvens. RICARDO TRIPOLI,

A questão não é ser petralha, coxinha ou paneleiro. Há um objetivo acima de qualquer viés ideológico: o futuro do país, dos nossos descendent­es, da nação como um todo. Diante da ausência de alternativ­a viável nesse lodaçal de corruptos, só nos resta apelar ao divino, como se repete nas missas: “Senhor, tende piedade de nós”.

MARCOS SERRA ANA MARIA CALIL SALLUM

Segurança Vejo com muito bons olhos a aquisição das armas pela Polícia Militar. Vai ser bom para para a segurança do policial e, consequent­emente, do cidadão. Não podemos proteger a indústria nacional se isso de fato põe em risco a vida de todos (“PM prepara compra de armamentos no exterior”, “Cotidiano”, 17/5).

ALVARO BATISTA CAMILO,

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