Deputado acusado de carregar dinheiro veio da iniciativa privada
Apontado, segundo delação do empresário Joesley Batista revelada pelo jornal “O Globo”, como responsável por receber R$ 500 mil a pedido do presidente Michel Temer (PMDB), o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDBPR) era um neófito na política há até pouco tempo.
Filho de empresários da área alimentícia, ele foi um dos executivos responsáveis pela criação das barrinhas de cereal da empresa Nutrimental —de propriedade do pai dele, o empresário Rodrigo Costa da Rocha Loures, expresidente da Federação das Indústrias do Paraná.
Rodriguinho, como é conhecido, se aproximou da política na campanha de 2002: ele e o pai apoiaram o atual senador Roberto Requião (PMDB-PR), que era candidato ao governo.
A família doou R$ 110 mil à campanha do peemedebista. Rocha Loures, o filho, teve um bom relacionamento com Requião, que, eleito, o convidou para ser seu chefe de gabinete. Foi o seu primeiro cargo público.
De perfil executivo, Rocha Loures era prático e organizado, segundo antigos colegas de trabalho —e, acima de tudo, bem articulado.
Formado em administração de empresas pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), conquistava aliados na política pelo bom papo e relacio- namento.
A filiação ao PMDB só ocorreu em 2005. No ano seguinte, se candidatou e elegeu-se deputado federal pelo partido.
A aproximação com Temer, de quem foi assessor especial até o início deste ano, se deu na militância do PMDB. Os dois se identificaram e se tornaram muito próximos.
Desde 2011, ele trabalha com o presidente, quando Temer foi eleito vice na chapa de Dilma Rousseff. Rocha Loures, na época, era chefe de Relações Institucionais da Vice-Presidência. Depois, migrou para o Planalto. Só saiu do cargo para assumir a ca- deira na Câmara, em março deste ano, como suplente do atual ministro da Justiça Osmar Serraglio (PMDB-PR).
Na última eleição que disputou, em 2014, Rocha Loures ainda era assessor de Temer. Candidato a deputado federal, mesmo com o forte apoio do PMDB, fez apenas 58 mil votos no Paraná —cerca de 30 mil a menos que em sua primeira eleição, oito anos antes.
O PMDB nacional doou R$ 1,1 milhão à sua campanha, mais que um terço do total dos recursos arrecadados. Em 2006, quando se elegeu a primeira vez, 90% das doações vieram de seu próprio bolso ou da empresa da família.
Na eleição que disputou em 2014, Rocha Loures declarou patrimônio de R$ 1,18 milhão.
A assessoria do deputado informou que ele está em Nova York, onde participou do jantar de gala que homenageou o prefeito João Doria (PSDB) e deu palestra sobre a política brasileira a investidores internacionais.
Ainda segundo a assessoria, ele vai se inteirar das acusações e esclarecer os fatos em seu retorno ao Brasil, que deve ocorrer nesta quinta 18).