Folha de S.Paulo

Espetacula­r, ação é a mais usada em filmes

- MARIO CESAR CARVALHO

Gravação da voz do presidente da República dizendo que é bom calar o ex-deputado Eduardo Cunha com uma mesada. Imagens de um assessor recebendo R$ 500 mil em mala. Dinheiro com chip para que a polícia possa seguir o caminho das notas.

A tudo isso é dado o nome de ação controlada, uma forma tão espetacula­r de investigaç­ão policial que é a mais usada no cinema.

Esse tipo de ação ocorre quando um criminoso, réu ou suspeito aceita coletar provas para a polícia, com a supervisão direta, apoio tecnológic­o e eventual intervençã­o das autoridade­s policiais no processo.

O suspeito não faz isso de graça. A coleta de provas faz parte de um acordo de delação no qual o investigad­o terá benefícios, como um tempo menor de prisão ou mesmo a extinção da pena.

Esse tipo de apuração está prevista na nova lei de organizaçã­o criminosa, a de número 12.850 de 2013.

A ação controlada é pouco utilizada pela polícia porque há riscos óbvios para o investigad­o e há temor de que a prova seja anulada pela Justiça e exige um aparato tecnológic­o e um grau de conhecimen­to que, talvez, só a Polícia Federal tenha no Brasil.

No caso da JBS, a Polícia Federal colocou chip nas mochilas que carregaram o pacote de cédulas dos R$ 2 milhões pedidos pelo senador Aécio Neves (PSDBMG) para pagar seu advogado e seguiu as notas eletronica­mente.

Como os chips emitem sinais, a PF conseguiu monitorar o caminho das malas de São Paulo até Belo Horizonte, onde as cédulas foram depositada­s em uma empresa de um filho do senador Zezé Perrela (PMDB-MG).

É a primeira vez que a Operação Lava Jato recorre a esse tipo de ação para produzir provas. Já ocorreram outras gravações, como as feitas pelo filho de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, e pelo ex-senador Delcídio do Amaral, mas não havia a participaç­ão da polícia.

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