Folha de S.Paulo

Possível sucessor, Maia é alvo da Lava Jato em inquéritos no STF

Ex-diretores da Odebrecht relataram repasses ilegais a deputado

- FLÁVIO FERREIRA

O presidente da Câmara do Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é alvo de dois inquéritos no STF (Supremo tribunal Federal) resultante­s das colaboraçõ­es premiadas de ex-executivos da empreiteir­a Odebrecht na Operação Lava Jato.

Maia assumiria por 30 dias em caso de saída do presidente Michel Temer, até a realização de novas eleições.

Em uma das investigaç­ões, os delatores da construtor­a afirmaram que foi feito um repasse de R$ 350 mil em 2008 a Maia, que teria afirmado que o valor seria usado para financiar as campanhas eleitorais de candidatos do DEM do Rio de Janeiro naquele ano.

Na eleição seguinte, em 2010, a Odebrecht pagou mais R$ 600 mil ao congressis­ta, valor que serviria para abastecer a campanha do pai dele, Cesar Maia.

Apelidado de “Botafogo” nas planilhas do setor de propinas da construtor­a, Maia também é acusado por exexecutiv­os da empresa em outra apuração no STF.

Nesse inquérito, os colaborado­res relataram que o presidente da Câmara recebeu R$ 100 mil em outubro de 2013 para ajudar na aprova- ção da Medida Provisória 613, relativa a um programa que desonerou a compra de matérias primas por indústrias químicas, tema de interesse da Braskem, braço petroquími­co do grupo Odebrecht.

Maia já afirmou sobre esses dois inquéritos que “o processo vai comprovar que são falsas as citações dos delatores, e os inquéritos serão arquivados”.

O congressis­ta também foi alvo de apuração pela Polícia Federal em razão da suspeita de ter recebido recursos ilícitos da construtor­a OAS.

Em relatório entregue no âmbito de inquérito no STF, a PF relatou ter encontrado indícios de que Maia tenha favorecido interesses da OAS em troca de contribuiç­ões eleitorais.

Essa apuração teve como base mensagens de celular trocadas entre o congressis­ta e o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro.

No relatório, a PF afirma que a conduta de Maia configurou os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Sobre essa suspeita, o congressis­ta já declarou que nunca recebeu vantagem indevida para apreciar qualquer matéria na Casa e sempre votou “de acordo com orientação da bancada ou com a própria consciênci­a.”

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