Macron une esquerda e direita no gabinete
Novo presidente francês reforça posição de agradar aos espectros políticos em busca de apoio em pleito legislativo
Na terça-feira (16), líder centrista já havia anunciado o nome do conservador Édouard Philippe como premiê
O presidente da França, Emmanuel Macron, 39, fez mais um aceno à direita e à esquerda ao nomear na quarta-feira (17) o seu governo.
O gabinete terá membros de ambos os lados do espectro, como um reforço à sua plataforma de centro.
Na terça-feira, Macron havia anunciado o conservador Édouard Philippe como o novo premiê, de certa forma compensando os parlamentares socialistas que migraram para o seu movimento, o República em Frente!.
Enquanto consolida o movimento, criado há um ano, Macron tenta atrair parlamentares e eleitores dos partidos rivais para governar.
O anúncio do gabinete, antes previso para a terça, havia sido adiado para a equipe do presidente fazer um ajuste fino dos nomes —e se blindar contra escândalos de corrupção, investigando os políticos escolhidos.
Macron nomeou, por exemplo, o socialista Gérard Collomb como ministro do Interior. O apoio de Collomb, prefeito de Lyon, foi fundamental no lançamento da candidatura do presidente, há um ano.
O socialista Jean-Yves Le Drian, outro aliado de Macron, será ministro de Relações Exteriores.
O centrista François Bayrou chefiará a pasta de Justiça. Mais à direita, o conservador Bruno Le Maire, que trabalhava para a campanha de François Fillon, derrotado nas primárias, será o próximo ministro da Economia.
Uma mulher ocupará um dos principais ministérios: Sylvie Goulard, 52, chefiará a Defesa. Eurodeputada centrista, deve aumentar as operações militares da França com outros países da Europa, uma promessa de Macron. LEGISLATIVAS Emmanuel Macron foi eleito no segundo turno das eleições francesas, em 7 de maio, com 66% dos votos. Ele derrotou a candidata da direita ultranacionalista, Marine Le Pen, e está em uma lua de mel com a imprensa e os demais líderes europeus.
Ex-ministro da Economia, Macron tem um programa ambicioso de reformas, incluindo rever a jornada de trabalho de 35 horas semanais, um tabu na França.
Ele também defende uma maior integração na União Europeia, fortalecendo em especial os laços com a Alemanha de Angela Merkel, a quem visitou na última segunda-feira (15), apenas um dia depois da posse. A chanceler alemã reafirmou que pretende aprofundar a parceria com os vizinhos.
Seu poder de decisão, no entanto, dependerá das eleições legislativas de 11 e 18 de junho. Nunca antes eleito a um cargo público, Macron enfrentará os partidos tradicionais para ocupar assentos na Assembleia Nacional. Para ter maioria na Casa, ele precisará de uma base aliada de 289 assentos.
Macron foi eleito representando o movimento República Em Frente!, fundado há um ano e hoje sem nenhum parlamentar —o que explica seus gestos de agrado à direita e à esquerda, com as nomeações desta semana.
No sistema francês, se um presidente não tem a maioria na Assembleia Nacional, ele é obrigado a aceitar a nomeação de um premiê de outra sigla. Essa situação é conhecida como “coabitação”, e não ocorre desde 2002.