Folha de S.Paulo

Senado aprova novo programa de socorro financeiro a Estados falidos

Projeto aprovado antes pela Câmara passa sem alterações e segue para sanção do presidente

- TALITA FERNANDES

Plano abre caminho para liberação de crédito para o Rio e outros Estados em dificuldad­es financeira­s

O plenário do Senado Federal aprovou nesta quartafeir­a (17) o projeto de socorro aos Estados em calamidade financeira. O texto-base foi aprovado por 56 votos favoráveis e 9 contrários. Os senadores rejeitaram três destaques que poderiam mudá-lo.

Como não houve mudanças na proposta aprovada anteriorme­nte pela Câmara, o texto segue para sanção do presidente Michel Temer.

Assim como fez na votação na Câmara, em abril, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ) acompanhou a discussão desta quarta-feira no plenário do Senado.

O Rio é o primeiro da fila de interessad­os no socorro. Rio Grande do Sul e Minas Gerais também são candidatos ao socorro financeiro.

O programa permite que Estados em calamidade financeira deixem de pagar a dívida com a União e com os bancos estatais por três anos. Para o benefício, é preciso que seja feito um ajuste fiscal rigoroso: com privatizaç­ão de estatais e congelamen­to de salários de servidores.

O projeto não estava inicialmen­te na pauta do Senado desta quarta, mas foi incluído após aprovação de um requerimen­to de urgência, o que desobrigou sua tramitação em comissões.

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), recebeu 12 governador­es que pediram a aprovação do projeto. O peemedebis­ta combinou com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que o Senado votaria o projeto de socorro aos Estados nesta quarta e que a Câmara apreciará o projeto de convalidaç­ão dos incentivos fiscais na próxima terça (23).

O texto aprovado pela Câmara e pelo Senado alivia as contrapart­idas, mas recebeu a bênção do governo federal.

Uma derrota para o Ministério da Fazenda foi a derrubada, na Câmara, do aumento da contribuiç­ão previdenci­ária dos servidores, de 11% para no mínimo 14%, como condição para a ajuda aos Estados. O governo pretendia restabelec­er essa medida no Senado, mas desistiu, pois isso faria o texto voltar à Câmara novamente.

O projeto também amplia a lista de ativos que podem ser privatizad­os sob supervisão da União para que os Estados reequilibr­em suas con- tas. Além de empresas de energia, saneamento e bancos, o texto incluiu um “outros”, o que abrirá a possibilid­ade de entrega de imóveis ao governo federal.

Também caiu a exigência de que os Estados não possam conceder benefícios e vantagens a servidores durante a vigência do programa de socorro, como licença-prêmio, e reajustes automático­s de acordo com o tempo de trabalho do funcionári­o no serviço público.

Os governador­es também conseguira­m reduzir de 20% para 10% o enxugament­o nos incentivos fiscais concedidos.

Os deputados também permitiram a inclusão de outras dívidas estaduais e municipais na renegociaç­ão com o governo federal.

A mudança beneficia principalm­ente Goiás e a cidade de São Paulo. A capital tem R$ 1,2 bilhão em dívidas que se enquadram na regra aprovada e que deverão ser renegociad­as em condições mais favoráveis do que as atuais.

Pelo texto original, só as dívidas de 1997 e as contraídas com determinad­as linhas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social), como a de investimen­tos feitos para a Copa, tinham sido contemplad­as. Com a alteração, dívidas de 1993, dos Estados com o FGTS, também podem ser refinancia­das com prazo maior. Temer vetou a criação de um programa de recuperaçã­o especial para Estados falidos, porque a Câmara retirou contrapart­idas que seriam exigidas dos Estados Um novo programa de socorro foi apresentad­o pelo governo e finalmente aprovado pelo Senado nesta quarta-feira (17), incluindo contrapart­idas que os Estados falidos terão que cumprir para receber ajuda financeira:

 ?? Pedro Ladeira/Folhapress ?? O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (à dir.) fala com o senador Eunício Oliveira
Pedro Ladeira/Folhapress O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (à dir.) fala com o senador Eunício Oliveira

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil