Documentário discute valores de jovem brasileiro
FOLHA
E essa geração dos vinte e poucos anos, hein? Ninguém sabe como lidar com eles. Moram com os pais; têm empregos, mas não carreiras; começam cursos e não acabam; têm relacionamentos efêmeros. Têm a mente acelerada pelas novas tecnologias, ignoram a história e às vezes largam tudo para ir morar no exterior.
Era assim que a Folha descrevia a “geração X”, numa capa da “Ilustrada” em 1993, quando os celulares pareciam tijolos e saber programar um videocassete para gravar a novela era a prova de que a molecada já nascia sabendo tudo de eletrônica.
Toda generalização automática a respeito de qualquer geração corre o sério risco de ser rasa, como adverte o documentário “Mind the Gap”, produzido pela agência Talent Marcel e que estará disponível nesta quinta-feira (18) em mindthegaptm.com.br.
O filme é o resultado de uma pesquisa de 15 meses feita pela agência. Uma sondagem com 500 jovens procurou captar seus valores e 21 especialistas de dez áreas do conhecimento foram ouvidos, incluindo filósofos, empresários e até youtubers. O resultado é um mosaico complexo de opiniões matizadas.
“Precisamos ‘desclichezar’ o debate”, diz João Livi, principal executivo da agência. Um dos principais argumentos do trabalho é que “tentar definir é errar na mosca”.
Os membros da geração que causava pânico moral por não ter rumo nos anos 90 estão hoje no comando, nas empresas e até governos —vide a eleição de Emanuel Macron, 39, na França, e a importância econômica mundial do Google, criado por homens que hoje têm 43, 44 anos.
No andar das carroças, os tomates da perigosa “geração X” viraram o establishment e quem coça a cabeça para entender que raios querem os jovens da vez são eles.
Como lidar? No filme, a cineasta Georgia Guerra-Peixe conta alguns percalços que teve ao trabalhar com jovens de vinte e poucos anos e conclui: “o que funciona é a porta estar aberta”.