Folha de S.Paulo

Resultados têm impacto também em linguístic­a

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DE SÃO PAULO

Os achados do trabalho de Melo e colaborado­res sobre o funcioname­nto do cérebro de médicos durante o diagnóstic­o de doenças pode ter impacto não só na ciência médica, mas também na linguístic­a. Essa é a opinião do especialis­ta Luiz Carlos Cagliari, linguista e professor aposentado da Unesp.

Indo por esse caminho, a discussão acaba descamband­o para tópicos mais sofisticad­os, como as hipóteses sobre o funcioname­nto da consciênci­a, da memória e a definição do que é um pensamento.

“É muito interessan­te que um médico use sua memória para fazer diagnóstic­os e receitar tratamento­s. Aliás, isso é de se esperar. Porém, a memória por si só não forma uma conclusão, apenas contribui com elementos que devem ser elaborados no pensamento médico de cada caso circunstan­cialmente”, diz Cagliari.

“É nesse momento que aparece a consciênci­a de fazer certo, errado ou duvidoso. Essa reflexão não se traduz no que o médico realmente diz, mas fica em sua mente como uma forma de consciênci­a do que foi pensado”, afirma. VELOCIDADE O conhecimen­to sobre o funcioname­nto da cabeça de um médico (e possivelme­nte também de qualquer um que use linguagem para pensar) foi possível graças a um ajuste metodológi­co na hora de se adquirir os dados de ressonânci­a magnética funcional.

O macete, segundo o Márcio Melo, da USP, foi obter as informaçõe­s em um intervalo até dez vezes mais curto, permitindo que a atividade cerebral pudesse ser detectada com a precisão temporal de fração de segundo, em vez de apenas a cada dois ou três segundos, como ocorre convencion­almente. (GA)

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