Venda de livros cai pelo segundo ano no país
Queda do segmento de obras impressas foi de 5,2%; e-books cresceram em relação a 2015
DO RIO
Enquanto o faturamento de livros impressos sofreu um declínio real de 5,2%, as vendas de e-books no Brasil continuam a crescer. Segundo o Global E-book Report, relatório da consultoria austríaca Rüdiger Wischenbart publicado na última segunda (15), 6,89% dos livros vendidos no país eram digitais em 2016, contra 4,27% em 2015.
Em linha com a recessão por que passa o Brasil, as editoras de livros do país tiveram em 2016 seu segundo ano consecutivo de queda na produção, nas vendas e no faturamento real.
O setor editorial produziu no ano passado 427,2 milhões de exemplares (-4,4%), vendeu 385,1 milhões (-1,1%) e faturou R$ 5,3 bilhões —redução de 5,2% em relação a 2015, descontada a inflação.
Os números vêm da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, divulgada na quarta (17) pelo Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros). Nela não está incluída a produção digital, que será tema de um censo inédito, a ser divulgado em agosto.
Nos últimos dois anos, a indústria do livro acumulou uma redução de 17% de seu faturamento em termos reais. “É o pior período que já vivemos”, diz Marcos Pereira, presidente do Snel. “Nunca vimos nada tão dramático em termos de queda de volume e de capacidade de repassar custos.”
Segundo o Global E-book Report, os e-books, por sua vez, tiveram um aumento de mais de 50% de participação nas unidades vendidas pela editoria trade —que não engloba produtos educacionais, universitários e técnicos—, além de um crescimento de 23% no faturamento desse segmento, subindo de 2,57% em 2015 para 3,16% em 2016.
No entanto, essa inclinação brasileira aos e-books não é regra em outros países.
O Reino Unido registrou em 2016 um faturamento total de cerca de R$ 820 milhões no mercado de livros digitais, o mais baixo desde 2011.
Os EUA seguem o cenário britânico. De acordo com uma análise feita pela consultoria Nielsen em janeiro, as vendas no ano passado de unidades de e-books de editores tradicionais caíram 16% em relação a 2015. As vendas de livros impressos nos EUA, por sua vez, aumentaram 3,3%, crescendo continuamente pelo terceiro ano consecutivo.