Virada Cultural para todos
Queremos que a população conheça os espaços culturais. E retorne a eles. Que a cultura faça parte do dia a dia, não só uma vez por ano
A Virada Cultural foi um dos grandes acertos de São Paulo. Iniciada em 2005, tornou-se tão parte da cidade que é tema de qualquer gestão, sendo reproduzida em diversos municípios do Estado e do país. Contudo, ao longo dos anos, modificações foram introduzidas.
Aos poucos, transformou-se num evento majoritariamente de música, com grandes palcos e grandes shows no centro da cidade. Em alguns anos, houve tentativas de alguma descentralização, mas sem alterar a base do projeto.
Algumas reclamações eram comuns, como gasto excessivo num evento de apenas 24 horas e falta de segurança e conforto.
Decidimos, então, fazer algumas alterações com o objetivo de atender a esses pontos, mas não só. A Virada precisa ser um evento da cidade. Para isso, é importante descentralizar e diversificar as atrações, ampliar seu alcance.
Recuperamos o espírito original —trazer as pessoas para conhecer o centro e não apenas para assistir a um grande show. Tiramos, assim, os palcos grandes dessa região. Introduzimos o conceito de tablados. A rua torna-se o palco.
Criamos circuitos em algumas ruas e convidamos as pessoas para visitá-los. No trajeto, encontrarão artistas das mais diversas linguagens em 30 tablados, sempre iluminados, com gente circulando, opções de alimentação e infraestrutura.
Num esforço inédito de valorização dos espaços independentes da cidade, fizemos uma parceria com cerca de 50 teatros e quatro lonas de circo, oferecendo gratuitamente à população ingressos de suas sessões no fim de semana da Virada.
Teremos quatro locais, um em cada região da cidade, com os palcos grandes e artistas conhecidos. Fora isso, haverá extensa programação paralela em bibliotecas, casas de cultura, centros culturais e teatros da prefeitura.
Nesta edição não teremos, como nos anos anteriores, altos cachês para os artistas. Com essa otimização dos recursos públicos, conseguimos organizar quase 900 atrações.
Ouço pessoas reclamarem que os palcos grandes estão “longe”. Como assim? Longe de quem? Talvez de quem mora em Higienópolis ou Jardins e se acostumou a ir ao centro, uma vez ao ano, ver shows gratuitos. Mas para quem mora em Arthur Alvim ou Parque do Carmo, os palcos estão longe?
Quem mora em M’ Boi Mirim demora quase duas horas para chegar ao centro de carro ou ônibus. À praça do Campo Limpo, onde ficará um dos palcos, leva uns 30 minutos.
Eu poderia dar muitos outros exemplos. Será que os moradores dos bairros distantes não preferem assistir a atividades culturais mais perto de casa?
E quem mora no centro poderá conhecer melhor sua cidade. Basta pegar o metrô, que ficará aberto 24 horas, e procurar espetáculos de qualidade em outras regiões.
Ao incluirmos os equipamentos da Secretaria Municipal de Cultura, as lonas e os teatros independentes, queremos que a população conheça esses espaços. E, ao longo do ano, retorne a eles. Que a cultura faça parte do dia a dia, não apenas uma vez por ano.
Nesta edição, 75% da programação saiu de um chamamento em que artistas de todos os tipos se inscreveram. Todas as linguagens estão representadas. Mais atrações, mais locais, descentralização, diversidade, equipamentos públicos, cachês menores. Onde está o elitismo?
Convido todos a participarem dessa grande festa democrática de nossa cidade. ANDRÉ STURM,
Em texto de 12/2, o colunista Bernardo Mello Franco foi uma solitária voz a incomodar-se com a blindagem de Michel Temer por Sergio Moro, que indeferiu perguntas incômodas de Eduardo Cunha ao presidente. O jornalista decretou: “A tarefa de evitar constrangimentos a Temer pode ser deixada para os advogados do presidente”. Talvez seja o caso de, agora, pressionar o juiz Moro para que ele explique por que se empenhou tanto em proteger Temer de Cunha.
SIDNEI JOSÉ DE BRITO
A delação em si não surpreende; virou rotina no Brasil. O que deixa o cidadão perplexo é que os corruptores-empresários, travestidos de delatores, não são punidos à mesma régua que os corruptos, isso quando castigados. Os empresários continuam com o seu patrimônio financeiro e são apenados com curtíssima supressão da liberdade. Delação para corruptor é um ótimo negócio.
FÁBIO SIQUEIRA
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Parabenizo a repórter Marilice Daronco pela reportagem “O homem da mala azul” (“Cotidiano”, 18/5). Notícias como essa balanceiam aquelas que nos mostram quanto nossa política chafurda na lama. Que Maurício Corrêa Leite, o educador que tem a leitura como meta de vida, distribuindo livros mundo afora, seja motivador de outros cidadãos de bem dispostos, como ele, a abrir mão de certos confortos para viver essa aventura.
M. INÊS DE A. PRADO
Rodeios Sobre o locutor de rodeios Cuiabano Lima, o que se pode dizer é que ele tem todo o direito de defender o que já se considera indefensável: maus-tratos a animais para entretenimento humano e desmatamento. Assim como as touradas definharam na Espanha por uma evolução da mentalidade cultural, com certeza os rodeios irão acabar. A defesa dessa ignorância se dá em consonância com a bancada ruralista, que defende o latifúndio e o poder de mando machista como valores culturais e econômicos no Brasil (“Locutor ganha fama pelo país com defesa de rodeios e desmatamento”, “Cotidiano”, 18/5).
VALTER LUIZ PELUQUE