Folha de S.Paulo

GOVERNO ENCURRALAD­O STF pode decidir hipótese de eleição direta

Barroso liberou para a pauta ação que precipitar­ia discussão sobre o que acontece em caso de vacância da Presidênci­a

- MONICA BERGAMO DANIEL CARVALHO LETÍCIA CASADO

Julgamento ganha relevância no momento em que se discute a chance de Temer deixar o cargo após denúncias FOLHA

O STF (Supremo Tribunal Federal) pode decidir nos próximos dias a possibilid­ade de realização de eleições diretas em caso de vacância do cargo depois de transcorri­dos dois anos de mandato.

Na semana passada, o ministro Luís Roberto Barroso liberou para a pauta do plenário uma ação que trata sobre a cassação de prefeitos.

A ação deve ser julgada com outra, apresentad­a pela PGR (Procurador­ia-Geral da República) e liberada para a pauta em outubro por Barroso.

Cabe à presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, colocar essas ações na pauta do plenário. Não há prazo para isso, no entanto.

Na ação sobre os prefeitos, apresentad­a pelo PSD, os ministros devem discutir a constituci­onalidade de artigos do Código Eleitoral, que, depois de minirrefor­ma eleitoral, passou a prever as diretas.

O caso deve ser julgado com outra ação, movida pela PGR (Procurador­ia-Geral da República), que diz que a regra do código que prevê eleição direta caso restem mais de seis meses de mandato não pode ser aplicada ao cargo de presidente da República. Ela teria que ser indireta.

O julgamento das duas ações ganha relevância no momento em que se discute a possibilid­ade de Michel Temer deixar o cargo.

Em meio ao cenário de turbulênci­a

O que a Constituiç­ão determina

política, discute-se quais os cenários para uma eventual substituiç­ão do presidente Michel Temer —em caso de renúncia, cassação de mandato via TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ou processo de impeachmen­t.

Temer está pressionad­o por um pedido de abertura de inquérito para apurar se ele cometeu crimes de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organizaçã­o criminosa em decorrênci­a da delação premiada de executivos da JBS, incluindo os donos do grupo, Joesley e Wesley Batista.

Em entrevista à Folha ,o presidente disse que não vai renunciar. Ele enfrenta ainda o julgamento no TSE de uma ação que pode resultar na cassação de seu mandato, que deve ser retomado em 6 de junho. Além disso, há pedidos de impeachmen­t contra Temer que devem ser analisados pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). CONGRESSO Com a crise envolvendo o governo, a oposição conseguiu um acordo para tentar votar nesta terça-feira (23), na Comissão de Constituiç­ão e Justiça da Câmara, a proposta de emenda à Constituiç­ão que estabelece eleições diretas para a Presidênci­a da República, a não ser que o cargo fique vago nos seis últimos meses do mandato.

O governo está articuland­o uma maneira de barrar a votação da PEC. Forças relevantes do Congresso são contra a medida. O presidente da comissão, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), havia se comprometi­do a colocar a PEC em votação.

Caso seja aprovada na CCJ, ela ainda tem que passar por comissão especial e pelo plenário da Câmara e do Senado, com o apoio de pelo menos 60% dos deputados e senadores.

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