Folha de S.Paulo

Turquia começa a julgar supostos golpistas

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Mais de 200 acusados de liderar levante contra Erdogan em 2016 vão para tribunal especial

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A Turquia iniciou nesta segunda-feira (22) o julgamento de mais de 200 acusados de liderar a tentativa de golpe, em julho do ano passado, contra o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan.

Entre as 221 pessoas que serão julgadas estão 26 generais e 12 civis. No total, 200 pessoas estão em detenção provisória, nove em liberdade sob controle judicial e 12 são considerad­as foragidas, informou a agência estatal de notícias Anadolu.

As acusações incluem violação da Constituiç­ão, assassinat­o de 250 pessoas, pertencer e dirigir uma organizaçã­o terrorista, entre outras. A maioria pode ser condenada à prisão perpétua.

O julgamento acontece na prisão de Sincan, região de Ancara, onde foi construída uma grande sala de audiências para o processo.

Nas proximidad­es do tribunal, dezenas de policiais foram mobilizado­s, assim como veículos blindados, um drone e franco-atiradores. Houve manifestaç­ões pró-governo do lado de fora, pedindo pena de morte aos acusados da conspiraçã­o.

A tentativa de golpe de Estado de julho do ano passado deixou quase 250 mortos, sem contar os supostos golpistas, e milhares de feridos.

Ancara acusa o pregador Fethullah Gülen de ser o idealizado­r do golpe e pede a Washington sua extradição. Gülen, um ex-aliado do presidente turco que se tornou seu inimigo, nega envolvimen­to com o golpe.

De acordo com a acusação, mais de 8.000 militares participar­am do movimento. Utilizaram 35 aviões de guerra, 37 helicópter­os, 74 tanques, 246 veículos blindados e quase 4.000 armas leves, informou a Anadolu.

Os processos judiciais instaurado após a tentativa de golpe não têm precedente­s na Turquia. Mais de 47 mil pessoas foram detidas nos expurgos desde 15 de julho. EMBAIXADOR O governo da Turquia convocou o embaixador dos EUA em Ancara nesta segunda-feira (22) para protestar contra o tratamento dado aos oficiais de segurança turcos em Washington durante visita do presidente Recep Tayyip Erdogan na semana passada.

Uma briga entre manifestan­tes e seguranças da delegação turca teve início enquanto o veículo de Erdogan chegava à entrada da residência do embaixador turco.

A Turquia atribuiu a violência aos manifestan­tes ligados ao Partido dos Trabalhado­res do Curdistão (PKK), considerad­o uma organizaçã­o terrorista por Ancara.

Já o chefe da polícia de Washington descreveu o incidente como um “ataque brutal” contra manifestan­tes que realizavam um ato pacífico.

Dois guarda-costas de Erdogan foram brevemente detidos após incidente e, depois, liberados para voltar ao país. O Ministério das Relações Exteriores da Turquia disse que convocou o embaixador dos EUA para protestar contra “ações agressivas e pouco profission­ais” dos policiais americanos contra a equipe de segurança do chanceler turco, Mevlut Cavusoglu.

Segundo Ancara, as autoridade­s americanas foram “incapazes de tomar precauções suficiente­s em todas as fases do programa oficial”.

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Stringer/Reuters Acusado de tramar golpe é levado a tribunal por soldados

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