Folha de S.Paulo

Governo prevê receitas incertas e libera R$ 3,1 bi do Orçamento

Planejamen­to conta com arrecadaçã­o de parcelamen­to de dívidas

- MAELI PRADO

Apesar de ter registrado nova frustração de arrecadaçã­o tributária, o Ministério do Planejamen­to anunciou nesta segunda-feira (22) que conseguiu receitas extraordin­árias para liberar R$ 3,1 bilhões do Orçamento.

A divisão desses recursos por ministério será definida até o fim do mês.

Para aumentar gastos, a equipe econômica está prevendo R$ 11,7 bilhões em receitas considerad­as incertas, por exemplo, pela Consultori­a de Orçamento da Câmara.

O governo assinou três MPs que devem gerar mais recursos. Elas tratam da antecipaçã­o de outorgas já licitadas de aeroportos, de um novo Refis, voltado a parcelar dívidas com agências reguladora­s, autarquias e fundações, e da renegociaç­ão de débitos de municípios com o INSS.

O Planejamen­to também espera contar com mais recursos de concessões de petróleo e royalties de petróleo.

A consultori­a da Câmara afirma que o governo conta com receitas de R$ 4,3 bilhões de uma terceira rodada de licitação do pré-sal que seria realizada ainda neste ano, sendo que a segunda ainda nem aconteceu. Em um cenário de elevada incerteza política, é bastante incerto que essa rodada se realizará de fato, segundo a consultori­a.

Em março, quando apresentou o primeiro relatório de receitas e despesas do ano, o governo anunciou bloqueio de R$ 42,1 bilhões do Orçamento e o fim da desoneraçã­o da folha de pagamento para 50 setores.

O bloqueio foi necessário para o cumpriment­o da meta de fechar o ano com um deficit de R$ 139 bilhões.

A equipe econômica trabalhava para liberar um valor maior do que o anunciado na revisão bimestral do Orçamento divulgada nesta segunda, algo próximo de R$ 10 bilhões. Com a crise política, entretanto, não foi possível concluir a tempo negociaçõe­s que permitiria­m contar com mais receitas adicionais.

A pasta informou que a arrecadaçã­o administra­da pela Receita Federal será R$ 8,3 bilhões menor do que a prevista há dois meses.

Com a recuperaçã­o lenta da economia, a arrecadaçã­o também está vindo, mês a mês, mais fraca do que esperado a princípio.

Além disso, a previsão de despesas obrigatóri­as, como Previdênci­a e seguro-desemprego, aumentou em R$ 3,7 bilhões nesses dois meses.

O governo manteve a previsão de cresciment­o da economia de 0,5% para 2017.

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