Odebrecht renegocia US$ 5 bi e avança em reestruturação
Acordo com credores prevê mais prazo para Odebrecht Óleo e Gás quitar dívida
Para que plano seja bem-sucedido, empresa depende de a Petrobras não alterar contratos que a OOG ainda possui
O grupo Odebrecht ganhou mais tempo para se acertar com alguns de seus principais credores e deu, assim, passos importantes no plano para soerguer seus negócios, fortemente abalados desde que o conglomerado foi enredado na Operação Lava Jato.
A OOG (Odebrecht Óleo e Gás), que opera sondas e plataformas de petróleo, fechou acordo para renegociar US$ 5 bilhões (R$ 16,5 bilhões pela cotação atual) em dívidas. É cerca de um quinto do que o grupo deve na praça —a dívida total das empresas da holding beira os R$ 90 bilhões.
O conglomerado baiano já havia conseguido um fôlego no mês passado, quando bancos permitiram que os R$ 2,5 bilhões da venda de sua empresa de saneamento fossem para o caixa e não para quitar parte de sua dívida.
O acerto fechado agora compõe o plano de recuperação extrajudicial da OOG. Protocolado na Justiça do Rio nesta segunda-feira (22), ele dá mais prazo para a empresa pagar parte do que deve e prevê que outra parte seja quitada com parcela do lucro da OOG. Em troca, o grupo Odebrecht comprometeu-se a injetar R$ 100 milhões no negócio.
“Temos grande parte dos credores endossando o acordo. Há grande chance de o plano ser aprovado”, diz Roberto Simões, presidente da OOG. BANCOS Dos US$ 5 bilhões renegociados, 40% referem-se à dívida corporativa, detida por bancos, seguradoras e investidores. A adesão chegou a 69% desses credores. O acordo prevê que eles receberão 30% do resultado da empresa distribuído na forma de dividendos até que a dívida seja quitada. É nesse grupo que estão Bradesco e Banco do Brasil —juntos, eles têm US$ 550 milhões a receber.
Os outros R$ 3 bilhões reestruturados, ou 60% do total, estão nas mãos de investidores que compraram títulos da empresa. Para eles, o acordo prevê que US$ 1 bilhão seja quitado conforme o cronograma inicial: até 2021 ou 2022. O dinheiro virá de contratos em vigor com a Petrobras. O resto, cerca de R$ 2 bilhões, deve ser pago até 2026. Esse pagamento depende da capacidade da empresa de fechar novos contratos.
Por isso, para que o plano dê certo, a Odebrecht depende da Petrobras. O acordo só parará de pé se a estatal não alterar contratos que a OOG possui. Será fundamental ainda que a saia da “lista suja” da petroleira. A seu favor, a empresa tem o fato de que a delação do grupo não envolve irregularidades em benefício da operadora de sondas.