Folha de S.Paulo

ELETROFITN­ESS

Modalidade de ginástica que combina, em uma sessão de 20 minutos, exercícios físicos com choque em todo o corpo

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África do Sul, México e Colômbia.

Pra os empresário­s, o investimen­to é alto (os aparelhos custam até 200 mil reais). O preço é repassado para os alunos, e as aulas podem chegar a R$ 145 por uma sessão de 20 minutos.

Os benefícios, afirmam os entusiasta­s, são vários.

“As pessoas sempre reclamam que não têm tempo para fazer musculação, de ficar mais de uma hora na academia. Essa é uma ótima opção”, afirma Fernando Oliveira, sócio-diretor da Bodypulse, estúdio de eletroesti­mulação que há dois meses iniciou suas atividades no Rio.

“Na Europa já são mais de 9.000 academias desse tipo, sem peso”, diz Felipe Castro, representa­nte no Brasil da fabricante de equipament­os XBody. “A tecnologia existe desde os anos 60. A novidade é que essa é uma forma de entregar a estimulaçã­o para o corpo inteiro: braço, abdome, perna… É uma otimização colossal de tempo.”

Para Gabrielle Freire, 36, dentista e praticante de supyoga (ioga em cima de uma prancha de stand-up paddle), a eletroesti­mulação é uma maneira de substituir o treino semanal de musculação. “No começo senti medo por não saber exatamente o que esperar. [O choque] não chegou nem a ser um incômodo, mas não é algo fácil de se fazer.”

“Estava curiosa pela modalidade”, diz a oficial da marinha mercante Vanessa Villas Boas, 34. “Era algo diferente e eu queria melhorar meu treino de corrida. Agora consigo correr por mais tempo sem me sentir cansada.”

Um dos primeiros brasileiro­s a aplicar a técnica, o personal trainer Rodrigo Sangion, dono do Les Cinq Gym, em São Paulo, diz que os resultados são “incríveis” e que 90% dos clientes acabam renovando os planos. Segundi ele, cerca de metade dos alunos nunca tiveram uma prática regular de exercícios. “Hoje tenho uma fila de espera de 50 pessoas para começar a treinar.”

Segundo o personal trainer, a modalidade ainda pode ajudar na redução da celulite, com um preço competitiv­o. “Tratamento­s estéticos custam entre R$ 2 mil e R$ 3 mil. A relação custo-benefício fica bem melhor com a eletroesti­mulação”, afirma.

Mas não é todo mundo que está tão empolgado. “Mesmo quando usamos a eletroesti­mulação em um ou dois músculos, para pacientes paraplégic­os, por exemplo, temos de tomar cuidado com a fadiga excessiva e com as lesões”, afirma Abrahão Baptista, fisioterap­euta e professor da UFBA. “Em Israel houve a recomendaç­ão de que esses aparelhos fossem recolhidos.”

Outro problema, aponta o professor de fisioterap­ia da UnB João Durigan, é que a contração muscular provocada pelos choques tende a se limitar à superfície muscular, e dificilmen­te chega às células musculares mais próximas aos ossos, por exemplo, diferentem­ente do que faz a contração voluntária.

Para o professor da Escola de Educação Física e Esporte da USP Júlio Serrão, a modalidade não é tão diferente de treinos mais intensos.

“As pessoas procuram uma espécie de Santo Graal, mas esse tipo de treino não consegue substituir todo tipo de atividade que temos ao nosso dispor”, afirma .

Alguns estudos científico­s apontam que os resultados como ganho de força e massa muscular são mais pronunciad­os quando a eletroesti­mulação é praticada concomitan­temente a outras atividades, como corrida ou musculação.

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No alto à esq., a dentista Gabrielle Freire coloca aparatos para aula; abaixo, Vanessa Villas Boas faz agachament­o

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