Folha de S.Paulo

Coro da defesa: “Ele é muito meticuloso, mas é bondoso”.

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sociais”, disse Haneke em entrevista coletiva. “É difícil falar dos tempos atuais sem abordar o quão cegas as pessoas estão para certos temas. Temos a impressão de que estamos mais bem informados, mas na verdade não sabemos nada. Só sabemos o que experiment­amos com a prática.”

O diretor de “A Fita Branca” (2009) também foi levado a falar da fama de perverso. “Não sou tão mau assim”, brincou Haneke. Coube a Fantine Harduin encorpar o 4 X NICOLE KIDMAN “The Killing of a Sacred Deer” marca uma das quatro produções que Nicole Kidman tem neste ano no festival e que a fizeram ser apelidada de “rainha de Cannes”.

Ela ainda aparece em “O Estranho que Nós Amamos”, também em competição, em “How to Talk to Girls at Parties”, fora da disputa, e na série “Top of the Lake”.

“Quero apoiar quem tem visão única ou está tentando coisas de forma diferente. Sou a favor de assumir riscos”, disse a atriz sobre os projetos que tem escolhido. “Sempre tive um espírito rebelde, de não me conformar com as coisas”.

Em “The Killing of a Sacred Deer”, Kidman faz uma mãe de família afrontada pela presença sinistra do jovem paciente de seu marido (Colin Farrell).

Como nas demais obras do grego Lanthimos, há espaço de sobra para a sordidez das situações. O título —a morte do cervo sagrado— entrega que o filme é, antes de tudo, uma alegoria sobre sacrifício.

“Essa ideia [do sacrifício] está sempre presente na mitologia, faz parte da humanidade”, disse o diretor, que tem nesse longa mais uma produção que evoca nome de algum bicho. Ele também dirige “O Lagosta” (2015) e “Dente Canino” (2009) —obras carregadas de algum senso de violência psicológic­a.

Ainda que tenha se sentido “hipnotizad­a” ao assistir ao filme, Kidman diz que não pretende assistir a “The Killing of a Sacred Deer” junto de seus filhos. “Eu separo bem a minha vida criativa da minha família”, disse.

O tom do filme, algo entre comédia de humor negro e o drama carregado de crueldade, não gerou uma acolhida unânime em Cannes. Parte dos jornalista­s vaiou o filme de Lanthimos.

GUILHERM E GE NESTRETI

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