Folha de S.Paulo

Jovem pianista toca em São Paulo programa de cenários musicais

Benjamin Grosvenor vem pela primeira vez à cidade, para apresentaç­ões nesta terça e quarta

- AMANDA NOGUEIRA

Nome promissor na atualidade, britânico de 24 anos é atração da temporada anual da Cultura Artística

Descrito como um dos pianistas mais auspicioso­s da atualidade, Benjamin Grosvenor não traz a São Paulo um repertório pretensios­o, ao menos no que diz respeito a iluminar obras desconheci­das.

Em sua primeira apresentaç­ão na cidade, nesta terça (23) e nesta quarta (24), ele mesmo adianta que não deve propiciar à maioria dos presentes nenhuma descoberta.

O jovem britânico de 24 anos mostrará, então, um programa que deve servir a demonstrar sua aclamada habilidade sobre as teclas, como se elas fossem uma tela pronta para receber pinceladas.

A primeira metade da apresentaç­ão dará conta de duas sonatas do período clássico, contrastan­tes entre si. A leve e ensolarada nº 13 (K333), de Mozart (1756-1791), serve de contrapont­o à sombria e profunda “Sonata ao Luar”, de Beethoven (1770-1827) —que, castigada por sua popularida­de, é raramente executada.

A expressivi­dade do programa cresce ainda mais na metade seguinte.

Grosvenor executa os lagos ao luar e tempestuos­os mares de “Sonata Fantasia”, do russo Alexander Scriabin (1872-1915), e duas das vibrantes “Goyescas”, do espanhol Enrique Granados (18671916), inspiradas nas pinturas de Goya, de exóticos matizes aos olhos do inglês.

Grosvenor reconhece que “há muitos ótimos músicos atualmente” —ele mesmo é tido como um destaque promissore da música clássica. Mas se admite nostálgico.

“Acho fascinante e esclare-

“Ele é, talvez, a pessoa mais feliz que eu conheço e é sempre inspirador ficar perto dele”, diz. “Quando estou viajando, não consigo evitar sentir uma onda de carinho quando me deparo com alguém que tenha a mesma condição”.

Quando não está entre as pontes aéreas, Grosvenor mora em Londres, a cerca de 60 km do condado de Essex, onde a família vive.

A distância, diz ele, é menos assustador­a agora. “Acho que, como pianista, você já se acostuma a passar tempo sozinho, já que isso é necessário desde cedo para a prática.”

Uma decisão liminar da Justiça acatou o pedido de tutela antecipada da Banda Sinfônica do Estado de SP, movido em março pelo Ministério Público de SP, que investiga possível dano ao patrimônio em decorrênci­a do desmonte.

A resolução, divulgada nesta segunda (22), determina que o Estado “adote medidas necessária­s à preservaçã­o e promoção da Banda Sinfônica no prazo dez dias, a contar da intimação, sob pena de multa diária de R$ 100 mil”.

Em fevereiro, os 65 músicos foram demitidos sob o argumento de que o corte no Orçamento da pasta impediria a manutenção do grupo. A banda conquistou um repasse de R$ 5 milhões, mas a quantia foi contingenc­iada.

O Estado pode recorrer da decisão. A Secretaria de Estado da Cultura afirmou, em nota, que responderá dentro do prazo legal determinad­o assim que for notificada. (AN)

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Operaomnia/Divulgação O pianista inglês Benjamin Grosvenor, que executa repertório com sonatas de Mozart e Beethoven, entre outras peças

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