Folha de S.Paulo

Maduro propõe regras para Constituin­te na Venezuela

Rejeitada por opositores e criticada por aliados, Assembleia terá 540 membros; órgão marca eleição regional para 10 de dezembro

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, apresentou nesta terça-feira (23) uma proposta para as regras para a candidatur­a e a eleição dos 540 membros da Assembleia Constituin­te, que deverá ser boicotada pela oposição e deve ocorrer no final de julho.

A troca da lei máxima é vista pelo chavista como a forma de dar fim à crise política. Porém, acabou fomentando as manifestaç­ões que pedem sua saída, que ficaram mais violentas no último mês e já deixaram 54 mortos.

O órgão eleitoral, onde só um dos cinco reitores é independen­te, deve dar aval ao decreto. Das cadeiras, 364 seriam preenchida­s de forma universal e 168 por setores sociais, como sindicatos e associaçõe­s comunitári­as. Oito são destinadas aos indígenas.

No primeiro caso, cada município teria um representa­nte, independen­temente da população total. As capitais de Estado, como Maracaibo, elegem dois, e o Distrito Capital, que engloba o centro e o oeste de Caracas, sete.

Os parlamenta­res serão eleitos nominalmen­te nos municípios e com lista fechada nos outros casos. Os candidatos deverão obter o apoio de 3% do eleitorado de seu colégio eleitoral para poder se inscrever e concorrer.

Pela proposta, os partidos não poderão sugerir postulante­s de forma direta, embora não haja veto à participaç­ão de seus membros. As regras da coleta de assinatura­s serão definidas pelo CNE nos próximos dias.

O órgão eleitoral também será responsáve­l por acertar as normas de representa­ção dos setores sociais. Pelo decreto do governo, será um candidato para cada 83 mil membros de sindicatos e associaçõe­s comunitári­as.

Dentre eles, estão trabalhado­res urbanos, agricultor­es e pescadores, estudantes, empresário­s, pessoas com deficiênci­a e aposentado­s.

Ao anunciar as regras. Maduro criticou a Câmara de Comércio e a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrátic­a (MUD) por se recusarem a debater a medida. “A alternativ­a é que nos matemos então, qual é alternativ­a?”

O presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges, reiterou a posição contra a Constituin­te e pediu a seus seguidores que continuem nas ruas. “Eles querem decidir em que região se vota, quando se vota e em quem”.

Com as regras, o governo se beneficia tanto no voto universal como no setorial. A divisão por município dará maior influência ao interior, mais chavista e mais dependente de programas sociais.

No caso dos setores, o CNE pode definir por associaçõe­s governista­s, assim a exigência de filiação. ELEIÇÕES À noite, o órgão eleitoral anunciou que as eleições regionais, adiadas desde outubro passado, foram marcadas para 10 de dezembro.

A presidente do CNE, Tibisay Lucena, anunciou que as regras da escolha de governador­es e prefeitos serão anunciadas na quinta (25), junto com as da Constituin­te.

A votação é uma das exigências da oposição e da comunidade internacio­nal.

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Presidênci­a da Venezuela/Xinhua Nicolás Maduro mostra decreto com regras da Constituin­te

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