Folha de S.Paulo

A polícia afirmou que as detenções nos últimos dias e

- DIOGO BERCITO

Em paralelo ao avanço das investigaç­ões do atentado em Manchester, que deixou 22 mortos, as autoridade­s britânicas pararam nesta quintafeir­a (25) de compartilh­ar informaçõe­s de inteligênc­ia com o governo americano.

A medida foi revertida no final do dia após conversas entre a primeira-ministra britânica, Theresa May, e o presidente dos EUA, Donald Trump, em Bruxelas durante cúpula da Otan, a aliança militar ocidental (leia abaixo).

O episódio, entretanto, preocupou pelo sério atrito entre dois dos principais parceiros no combate ao terror.

O governo britânico havia se enfurecido após uma série de vazamentos de detalhes do caso, incluindo a publicação de fotos de perícia pelo jornal “The New York Times”. A exposição teria prejudicad­o o trabalho da polícia.

O chefe de polícia da região de Manchester, Ian Hopkins, afirmou que os episódios causaram “muito desgaste” nas famílias das vítimas. A maior parte dos 22 mortos era de jovens e suas mães, que estavam em um show da cantora pop americana Ariana Grande, na segunda (22).

A suspensão do compartilh­amento de informaçõe­s foi restrita à investigaç­ão em Manchester, em uma decisão tomada pela própria polícia.

Theresa May reclamou do episódio quando se reuniu com Trump em Bruxelas. Ele respondeu que a situação era “profundame­nte preocupant­e” e prometeu investigá-la.

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, visitará o Reino Unido nesta sexta (26) para reunir-se com a sua contrapart­e, o chanceler Boris Johnson. AVANÇOS o material apreendido —incluindo explosivos— foram um avanço “significat­ivo”.

Apesar disso, o Reino Unido deve manter o estado de alerta no nível mais alto, “crítico”. Oito homens já foram detidos durante as investigaç­ões, mas as autoridade­s afirmam que mais suspeitos podem estar soltos.

O atentado, o mais grave no Reino Unido desde 2005, é tratado como a possível ação de uma rede terrorista. O homem-bomba Salman Ramadan Abedi, 22, teria contado com cúmplices.

Foi revelado durante o dia que Abedi viajou a Düsseldorf, na Alemanha, quatro dias antes do ataque. Ele esteve duas vezes naquele país e, segundo informaçõe­s dos dias anteriores, visitou também a Líbia e talvez a Síria.

A bomba detonada no ginásio Manchester Arena teria o mesmo tipo de explosivo utilizado nos atentados de Paris e Bruxelas, segundo um legislador norte-americano,

Saiba quem são as vítimas que ainda não tinham sido identifica­das

o republican­o Mike McCaul.

McCaul, que chefia um comitê de segurança nacional, sugeriu que o “nível de sofisticaç­ão” da bomba indica a possibilid­ade do treinament­o de seus responsáve­is no exterior. Abedi teria utilizado um explosivo de tipo TATP, que é feito com ingredient­es facilmente adquiridos.

A tensão de segunda-feira ainda não tinha se dissipado durante a quinta, marcada por uma série de ações policiais, com esquadrões de desarmamen­to de bombas em diversos pontos da cidade.

Houve ansiedade também em Londres. A ponte de Westminste­r, cenário de um ataque em março, foi temporaria­mente interditad­a para a inspeção de um veículo.

Pela primeira vez, policiais armados estão patrulhand­o os trens britânicos, e o NHS (o serviço nacional de saúde) instruiu centros de atendiment­o a se prepararem para a possibilid­ade de novos atentados no fim de semana.

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Daniel Leal-Olivas/AFP Policiais e soldados fazem guarda diante do Parlamento britânico e o Big Ben, em Londres; Reino Unido segue em alerta máximo com militares nas ruas

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