Folha de S.Paulo

Líder em aces, gigante padece para achar parceiro de treino

Croata Ivo Karlovic, de 2,11 m, é o mais velho entre os top 30 do mundo

- FÁBIO ALEIXO

TÊNIS

FOLHA,

Ivo Karlovic, 38 anos, é o jogador mais velho entre os 30 melhores do ranking mundial (está em 24º), possui oito títulos na carreira, está sempre presente nos principais torneios e é o recordista de aces na história, com um total de 11.902 saques certeiros em 638 partidas.

Um currículo de respeito, mas que não lhe dá moral com os colegas de circuito. Karlovic sofre com algo incomum: a falta de parceiros para treinar antes dos torneios.

A cada dia, os tenistas apontam junto à ATP (Associação dos Tenistas Profission­ais) o horário no qual querem treinar e se o desejam fazer junto a outro atleta. Dificilmen­te alguém se candidata para lhe fazer companhia.

Seu estilo de jogo baseado no saque e voleio e pancadas para resolver logo os pontos não agrada aos demais jogadores. Bater bola e praticar apenas com seu treinador, Petar Popovic, virou rotina para o gigante de 2,11 m. Eles estão juntos há três anos.

“Os outros jogadores gostam de ter ritmo, bater forehand e backhand diversas vezes durante um longo tempo e este não é o meu estilo. Em alguns lugares até encontro alguns caras para bater bola, mas na maioria das vezes sou eu e o meu treinador. Mas treino do jeito que eu gosto. Não vou dar ritmo para quem estiver treinando, e não vou alterar meu estilo de jeito nenhum”, disse Karlovic à Folha durante o Masters 1.000 de Madri, há duas semanas.

O croata não lamenta a falta de parceiros. Para ele, isso muitas vezes o ajuda nas partidas. “Como não treinam comigo, não estão tão acostumado­s a lidar com meu estilo de jogo”, completou.

Jogador mais alto em atividade, Karlovic se diverte ao falar da altura e o que isso proporcion­a na maiorias das vezes em relação aos torcedores. “A todo lugar que eu vou, todos olham para mim e para o outro. Aí veem que é baixinho e torcem para ele. Para mim é normal ter torcida contra”, disse o croata que raramente dispara um primeiro serviço abaixo de 190km/h.

Seu recorde de velocidade é de 251 km/h, registrado em jogo da Copa Davis em 2011.

Apesar da idade avançada e da solidão nos treinos, Karlovic não tem data para deixar as quadras. Diverte-se ao atuar em alto nível. Há dois anos está entre os 50 melhores do mundo e já foi 14º.

“Trabalho muito duro. Praticamen­te todos os dias vou à academia, pois se não fizer isso por uns três dias, quando eu for à quadra vai doer tudo, da cabeça aos pés. Sinto-me em ótima forma e não sinto nenhuma diferença na força que tenho hoje ou tinha uns nove anos atrás”, afirmou o tenista que ingressou no circuito em 2000.

Em 2013, Karlovic ficou três meses afastado após contrair meningite viral. O pior momento foi quando precisou ser internado às pressas na Flórida (EUA), onde vive.

“Acordei e meu braço estava dormente. Minha mulher perguntou alguma coisa que não lembro. Eu não conseguia falar, então ela chamou os paramédico­s. Eles me liberaram após uma hora, mas depois eu fiquei com o braço dormente e dolorido. Fui perdendo a consciênci­a, voltei para o hospital. Não sei o que aconteceu depois.”

“Os médicos não sabiam se eu conseguiri­a me recuperar. Fiquei muito tempo inconscien­te. Não sentia o braço direito e um lado do rosto. As dores de cabeça duraram por mais dez dias. Lembrei meu nome depois de quatro dias e a fraqueza começou a desaparece­r após uns cinco”, diz.

Hoje sem nenhuma sequela ou recaída, ele quer seguir em alto nível, tendo ou não um parceiro para treinar.

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Paul Hanna - 9.mai.2017/Reuters Karlovic teve meningite viral em 2013 na Flórida, nos EUA
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Paul Crock - 20.jan.2012/AFP Karlovic cumpriment­a Roger Federer após jogo em 2012

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