Inclusão digital no celular amplia as oportunidades
Acesso à rede é diário para 82% dos brasileiros, mas bolsões de desconexão são desafio, diz coordenador de comitê
FOLHA
A criação de qualquer novo negócio digital no Brasil depende fundamentalmente de conhecer os padrões de uso da internet por parte dos brasileiros. Esse panorama é revelado anualmente pela pesquisa TIC Domicílios, realizada pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação).
Essa pesquisa mostra que o Brasil nunca esteve tão conectado à internet e, ao mesmo tempo, nunca foram tão distintas as experiências digitais dos brasileiros. Se há uma lição a ser tirada da sua última edição (publicada em 2016) sobre o nível de conexão no país, é esta: não há uma rede única, mas várias, a depender da idade, classe social, gênero e outras características da demografia.
Em entrevista à Folha, Alexandre Barbosa, coordenador executivo e editorial do centro de estudos vinculado Comitê Gestor da Internet do Brasil, destrinchou os números do estudo feito anualmente com o objetivo de tomar a temperatura da vida virtual dos brasileiros.
Segundo ele, já em 2015 o celular se consolidou como o principal instrumento de inclusão digital no país, e os indicadores atualizados mostram que essa curva não será invertida tão cedo —ou sequer se isso vai acontecer em qualquer intervalo de tempo. Mas há desafios, diz: bolsões de desconexão, áreas rurais defasadas e classes mais pobres longe dos padrões das classes A e B. Folha - Quais são os fatores que fizeram com que o celular se tornasse a principal porta de entrada à internet no país?
Alexandre Barbosa - A pesquisa mostra que 89% dos usuários da rede utilizam celular. É uma proporção muito alta. Nas classes A e B, é muito mais comum o uso de vários dispositivos. Nos segmentos C, D e E, usa-se mais a internet por smartphone.
Muitas vezes essas pessoas não têm desktop ou tablet, e o celular se torna o único instrumento de inclusão.
Outro ponto relevante é qual tipo de conexão se usa, porque os planos de dados no Brasil ainda são relativamente caros, especialmente para quem tem menor renda. Você verá que nas classes C, D e E há preferência pela conexão Wi-Fi, cuja disponibilidade acaba sendo uma alternativa às redes 3G e 4G. O celular é um instrumento poderoso de inclusão. Quais