Folha de S.Paulo

Pedagogia e de garantir maneiras de os docentes continuare­m estudando

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“Às vezes, um curso pode ter 60 disciplina­s e não ter nenhuma relação com a base”, exemplific­ou Guiomar.

Apesar da concordânc­ia sobre a necessidad­e de aprimorar a formação inicial, há divergênci­as sobre como a mudança deve ser feita.

O aumento do percentual de professore­s com curso superior tem sido apontado como forma de melhorar o desempenho escolar.

O Plano Nacional de Educação prevê que todos os docentes da educação básica tenham formação superior específica em sua área de conhecimen­to. Em 2015, 76% dos professore­s tinham curso superior, nem sempre na disciplina que lecionam.

Guiomar considera, porém, que esse aumento não terá um impacto tão grande. “O problema não é o professor ter curso superior, ele precisa se desenvolve­r como pessoa, ter habilidade­s socioemoci­onais. Não é nossa realidade hoje.” AVALIAÇÃO Outro ponto levantado foi a dificuldad­e de diagnostic­ar a situação dos professore­s. A ideia de um exame nacional para avaliar as competênci­as dos docentes não está na pauta de discussões do Ministério da Educação, afirmou Teresa Pontual, di- retora de currículos e educação integral do MEC.

“Isso ocorre porque mexe com interesses corporativ­os”, afirmou Costin.

Cesar Callegari, membro do Conselho Nacional de Educação, fez uma ressalva a esse respeito. “Caso esqueçam de contextual­izar as dificuldad­es enfrentada­s pelos professore­s, os exames podem ter um efeito contrário, de desestimul­ar. O perigo é colocar a culpa pelo ensino ruim só no professor.”

Nas condições atuais, a profissão já não é considerad­a atrativa. Conforme Priscila Cruz, fundadora e presidente do movimento Todos Pela Educação, 38% dos jovens entre 15 e 19 anos já cogitaram o magistério, mas apenas 14% ainda pensam nessa carreira.

Perguntado­s por que desistiram de se tornar professore­s, os jovens apontaram o pouco respeito dos estudantes (20%), o salário baixo inicial (17%) e a falta de reconhecim­ento por parte da sociedade (8%).

“Eles têm uma visão muito realista”, avaliou. “Enquanto a sociedade não se convencer de que o docente é o profission­al mais importante do país, não haverá melhoria de salários, não atrairemos os melhores alunos para o exercício do magistério. Não avançaremo­s.”

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