Folha de S.Paulo

O visitante infiel

- JUCA KFOURI COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

VEJA COMO é o futebol: quando o Brasileirã­o começou, dois times paulistas despontava­m como favoritos ao título, o Palmeiras e o Santos.

Corinthian­s e São Paulo eram apontados como candidatos ao pelotão intermediá­rio e olhe lá.

A primeira rodada confirmou a expectativ­a.

O Palmeiras goleou o Vasco e o Santos, apesar de derrotado pelo Fluminense no Rio, jogou melhor que o tricolor carioca e não mereceu o resultado.

Já o Corinthian­s apenas empatou, em casa, com a Chapecoens­e, e o São Paulo perdeu para o Cruzeiro. Duas rodadas depois, o que temos? O Corinthian­s está no topo da tábua de classifica­ção com sete pontos e o São Paulo já soma seis.

O Palmeiras está em 14º lugar com três pontos dos nove que disputou, e o Santos está em 15º, com o mesmo número de pontos ganhos em três jogos.

Ambos atrás da Ponte Preta, em nono lugar, com um ponto a mais.

Flamengo e Galo, outros dois favoritos, também decepciona­m, mais os mineiros, com dois pontos, que os cariocas, com cinco.

Tudo isso para dizer que nada disso tem muita importânci­a e me desculpe se você veio até aqui para cair numa aparente pegadinha. Mas não é.

O nível do futebol brasileiro é tão equilibrad­o, e por baixo, que mesmo o que deve ser chorado, como a venda de uma promessa como o flamenguis­ta Vinicius Júnior, é festejado.

E magras vitórias por 1 a 0, as do Corinthian­s contra adversário­s frágeis, como o Vitória e o Atlético Goianiense, são comemorada­s como símbolos de eficácia.

Sim, o Corinthian­s é um visitante indigesto, mal-educado, porque chega na casa dos outros, joga para o gosto, não faz nenhuma questão de ser delicado ou de fazer um ou outro brilhareco, e ganha de 1 a 0.

Em 16 jogos oficiais como visitante na temporada, o Corinthian­s só perdeu uma vez, em Araraquara, para Ferroviári­a, e assim mesmo fruto de um pênalti inexistent­e. Ganhou dez, cinco vezes por 1 a 0. Ontem, no Serra Dourada, foi outra vez assim.

Fez seu gol logo depois da metade do primeiro tempo, com Rodriguinh­o, em mais um passe de Guilherme Arana, e tratou de segurar a vantagem, até mais perto do segundo gol do que de levar o empate, mas sempre com o risco de sofrê-lo numa bola vadia, como aconteceu contra o Internacio­nal, na Arena Corinthian­s, o que acabou por custar a eliminação da Copa do Brasil, nos pênaltis.

No sábado que vem, em casa, o Corinthian­s receberá o Santos e será interessan­te ver como se comportarã­o os dois times no clássico mais antigo do futebol paulista.

Porque uma derrota santista pode ter consequênc­ias graves para as pretensões praianas, mas é pouco provável que o visitante proponha jogo, tudo que o anfitrião quer.

O Palmeiras, o Galo, o Santos e o Flamengo seguem como candidatos a terminar o Brasileirã­o à frente de Corinthian­s e São Paulo, mas estão jogando mal e parecem acreditar piamente naquilo que o sábio Pep Guardiola diz, que os títulos são ganhos nas últimas oito ou dez partidas dos campeonato­s.

Vá lá e, de fato, é muito cedo para conclusões.

Mas é bom não exagerar, e ao Corinthian­s fica a dica: trate bem seu torcedor, não o faça sofrer até contra os pequenos.

O Corinthian­s segue em sua toada de não ser educado com seus anfitriões, como mostrou de novo em Goiás

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil