Folha de S.Paulo

Aloysio será o segundo

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Prestes a embarcar para os Estados Unidos, o chanceler brasileiro, Aloysio Nunes, disse nesta segunda-feira (29) que levará a Washington a mensagem de que o presidente Michel Temer vai ficar no poder e que o movimento por eleições diretas agora “não tem nenhum cabimento”.

“Diretas-Já não tem nenhum cabimento. Isso é uma coisa que a Constituiç­ão brasileira não admite”, afirmou Nunes à Folha, por telefone. “O governo Temer vai ficar”, disse, ao ser questionad­o sobre como responderi­a a eventuais perguntas dos interlocut­ores americanos sobre a estabilida­de do governo.

O chanceler brasileiro será recebido na próxima sextafeira (2) pelo secretário de Estado americano, Rex Tillerson, num momento sensível para o governo Temer. O ministro diz que reafirmará ao colega a solidez das instituiçõ­es brasileira­s.

“O Brasil tem instituiçõ­es democrátic­as que funcionam, o Judiciário independen­te, o Ministério Público que funciona sem nenhum obstáculo”, disse, antecipand­o o que dirá a Tillerson.

Após a delação premiada dos irmãos Batista, do grupo JBS, o STF abriu inquérito para apurar se Temer cometeu crime de obstrução à Justiça.

O escândalo gerou manifestaç­ões pedindo a renúncia do presidente e eleições diretas, como a deste domingo (28), que, segundo os organizado­res, reuniu 100 mil pessoas, entre eles artistas e movimentos de esquerda.

A polícia não divulga estimativa de público.

A Constituiç­ão hoje determina que serão realizadas eleições diretas se os cargos de presidente e vice ficarem vagos nos dois primeiros anos de mandato. Depois de dois anos —como seria o caso de Temer saísse agora—, a eleição teria que ser indireta, e quem escolhe o presidente seriam os parlamenta­res.

A oposição, contudo, tenta fazer avançar emenda que prevê a realização de eleições diretas para os cargos de presidente e vice caso os postos fiquem vagos mais perto da conclusão do mandato. ENCONTRO BILATERAL chanceler brasileiro a se encontrar com secretário de Estado americano em pouco mais de quatro meses de governo Donald Trump.

Tillerson havia se reunido com José Serra em Bonn, na Alemanha, às margens da reunião de ministros de Relações Exteriores do G20, em fevereiro.

Na ocasião —quando nenhum dos dois governos atravessav­a as crises que enfrentam hoje—, os dois trataram de Venezuela e de investimen­tos americanos em infraestru­tura no Brasil. Serra deixou o governo no fim de fevereiro, com a justificat­iva de problemas de saúde.

Depois disso, Temer e Trump conversara­m por telefone, em março, quando o americano convidou o brasileiro para visitar Washington.

A expectativ­a da diplomacia brasileira, até antes de a crise política estourar, é que o encontro entre os dois presidente­s ocorresse ainda este ano, provavelme­nte na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em setembro. Agora, tudo dependerá do desenrolar da crise no Brasil.

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) fez aceno ao governo nesta segunda-feira (29) ao criticar a Lava Jato e elogiar a troca ministeria­l promovida pelo presidente Michel Temer no domingo.

O gesto acontece na véspera de a bancada do PMDB analisar a permanênci­a de Renan na liderança do partido. Diante das críticas que o alagoano vem fazendo ao Planalto, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDBRR), ameaça tirá-lo do posto. Ele convocou uma reunião da bancada para esta terça (30).

Renan defendeu a substituiç­ão de Osmar Serraglio, a quem vinha desferindo críticas, por Torquato Jardim no Ministério da Justiça. Segundo ele, o Palácio escolheu um auxiliar “digno do nome que pode exercer, neste momento difícil, o papel de interlocuç­ão na vida nacional”.

Nesta segunda, em sinal de solidaried­ade a Temer, o peemedebis­ta fez ainda duras críticas à Lava Jato, especialme­nte à colaboraçã­o firmada pelos irmãos Batista, da J&F, com o Ministério Público.

O senador disse que os acordos de delação que vêm sendo fechados não estão de acordo com a legislação e afirmou que “excessos precisam ser corrigidos”. (TALITA FERNANDES)

BRUNO BOGHOSSIAN,

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Fabio Rodrigues Pozzebom - 14.mar.2017/Agência Brasil O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes, que viaja aos EUA para encontrar secretário de Estado de Trump

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